Título: PREÇO DO PETRÓLEO FECHA A US$71,46 EM LONDRES DEVIDO A IMPASSE COM IRÃ
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Fonte: O Globo, 18/04/2006, Economia, p. 20

Brent sobe 1,3% e bate novo recorde. Em NY, tipo leve avança 1,6%

NOVA YORK. Os preços do petróleo iniciaram a semana acima dos US$70 o barril. Os mercados temem que as tensões entre os países ocidentais e o Irã, devido ao seu programa nuclear, levem a uma ação militar dos EUA contra o quarto maior produtor mundial e o segundo maior exportador de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), com uma produção de 3,85 milhões de barris diários.

Na Bolsa Internacional de Petróleo, a cotação do barril do tipo Brent (referência) subiu 1,3%, para US$71,46, alcançando um novo patamar histórico. Só em abril, o preço do Brent já subiu 6,7%.

Já na Bolsa Mercantil de Nova York, a cotação do barril do tipo leve americano (WTI) subiu 1,6%, para US$70,40, batendo recorde de fechamento desde 1983, quando esse tipo de petróleo começou a ser negociado. O maior patamar do WTI ainda são os US$70,85 por barril alcançados durante os negócios em agosto do ano passado, na passagem do furacão Katrina pelos EUA, afetando refinarias e plataformas americanas na região do Golfo do México.

¿ A contínua retórica contra o Irã durante o fim de semana ajudou a manter aquecida a pressão sobre os preços, que devem subir ainda mais ¿ avaliou John Kilduff, vice-presidente do grupo americano de gerenciamento de risco energético Fimat, em Nova York.

O ex-presidente do Irã Akbar Hashemi Rafsanjani disse ontem que o país vai continuar enriquecendo urânio, conforme anunciou o governo de Teerã na semana passada, para uso em estações de energia.

¿ A República Islâmica do Irã deseja continuar seu caminho ¿ disse Rafsanjani, durante visita ao Kuwait.

Produção da Petrobras recua 0,7% em março

As principais potências ocidentais suspeitam que o governo iraniano pretende fabricar uma bomba atômica e a possibilidade de um ataque militar americano dominou as manchetes da imprensa dos EUA, desde que a revista ¿The New Yorker¿ disse que o país estuda uma forma de usar armas nucleares táticas contra unidades subterrâneas no Irã.

Qualquer que seja a medida militar contra o Irã, sua produção de petróleo certamente será afetada. É este prognóstico que vem mantendo os preços pressionados. O equilíbrio entre oferta e demanda mundial de petróleo é neste momento extremamente delicado. O crescimento da economia vem favorecendo o consumo, sobretudo nos EUA e China, ao passo que os países produtores ¿ da Opep ou não ¿ estão exportando no limite. Diante desse quadro, uma interrupção no Irã teria um efeito catastrófico sobre os preços do petróleo.

Outra preocupação é a possibilidade de uma interrupção na produção de mais de 500 mil barris diários provenientes da Nigéria, provocada por ataques de rebeldes separatistas.

Já no Brasil, a produção da Petrobras registrou uma queda de 0,7% na média de março em relação a fevereiro. A produção de petróleo atingiu 1,74 milhão de barris por dia, contra os 1,75 milhão de barris por dia extraídos no mês anterior. Segundo a Petrobras a redução se deve a algumas paradas programadas de duas unidades produtoras de Líquido de Gás Natural (LGN), uma em Cabiúnas, no Estado do Rio, e outra em Sergipe/Alagoas.

Apesar da queda, no próximo dia 21 a Petrobras pretende anunciar que atingiu a auto-suficiência. Com a entrada em operação da plataforma P-50, a produção média do país deverá chegar a 1,8 milhão de barris diários.