Título: PSDB APONTA ERROS EM COMERCIAIS DO PT NA TV E TENTA TIRÁ-LOS DO AR
Autor: Ilimar Franco e Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 20/04/2006, O País, p. 4

Petistas dizem até que programa de distribuição de renda não existia antes

BRASÍLIA. O PSDB reagiu ontem contra o conteúdo e a veiculação de inserções comerciais do PT que foram ao ar na terça-feira e voltam hoje e no sábado. Os tucanos pediram à Justiça Eleitoral que suspenda a veiculação dos anúncios alegando que caracterizam propaganda eleitoral extemporânea e promoção pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), criticou os números apresentados pelo PT sobre geração de empregos e evolução do salário-mínimo, comparando os governos Lula e Fernando Henrique.

¿ Os dados são apresentados de maneira desonesta. Trata-se de delinqüência intelectual. É por isso que se diz que a estatística mostra tudo e esconde o essencial ¿ disse Arthur Virgílio.

O tucano afirma que não se pode comparar um mandato de oito anos com os três anos e meio de Lula na Presidência. Diz ainda que não é correto comparar o valor nominal do salário-mínimo, sem que seja feita sua atualização monetária. No programa, o PT afirma que o ex-presidente Fernando Henrique deixou um mínimo de R$200 e que o do governo Lula é de R$350. E que o aumento real foi o maior dos últimos anos.

¿O cidadão tem inteligência para comparar¿, diz Berzoini

Na questão do emprego, o líder tucano explica que houve uma mudança de metodologia ainda no governo Fernando Henrique. Por isso, argumentou, não é tecnicamente adequado afirmar que o governo tucano criou quase 800 mil empregos em oito anos e que o governo Lula gerou quase 4 milhões. Mas o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), defendeu o conteúdo das inserções:

¿ O cidadão tem inteligência para comparar. Não há nenhuma inverdade nas peças veiculadas pelo partido. As pessoas são inteligentes e sabem que houve inflação e também um aumento real muito maior.

Quanto aos números sobre emprego, Berzoini sustentou que são dados oficiais e que não cabe ao partido discutir sua metodologia. Mas reconheceu que o PT fez uma projeção arredondando os 3,7 milhões de empregos de fevereiro para 4 milhões.

No caso do Bolsa Família, Berzoini admitiu que havia outros programas mas alegou que eram dispersos, com cadastros ruins e a maioria deles sem contrapartida. Mas reafirmou que o Bolsa Família é um programa do governo Lula.

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, também criticou as inserções:

¿ Está sendo um mau início do PT e do presidente Lula. Nem começou a campanha e já vemos um mar de irregularidades.

Alckmin disse que o programa petista está comparando coisas não comparáveis. Afirmou ainda que, embora esteja mais preocupado com o futuro, defenderá o governo do ex-presidente Fernando Henrique em caso de injustiças.

¿ Se forem injustos, é claro que vamos defender. Não tenho medo de cara feia. Acho um equívoco ficar olhando para trás, melhor olhar para frente, para o futuro ¿ disse.

Na ação judicial os tucanos não apenas querem tirar as inserções no ar, como impedir que os temas tratados voltem a ser veiculados. Os petistas terão uma nova rodada de inserções nos dias 2, 4, 6, 9 e 11 de maio. O PT ainda veiculará um programa em rede nacional em 25 de maio. As peças produzidas foram criadas pelo publicitário Edson Barbosa, da Link Propaganda. O conteúdo das peças obedece à estratégia eleitoral petista de comparar o governo Lula com os dois mandatos de Fernando Henrique. Como o ex-presidente tem rejeição alta e seu governo é mal avaliado, os petistas querem associar a candidatura Alckmin à idéia de uma volta a um passado que os eleitores querem esquecer.