Título: CANDIDATURA PRÓPRIA TEM HOJE A MAIORIA NO PMDB
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 20/04/2006, O País, p. 5

Itamar e Garotinho vão disputar convenção em junho

BRASÍLIA. Depois de três horas de reunião com presidentes de diretórios regionais e candidatos aos governos estaduais, a direção nacional do PMDB concluiu que a maioria do partido é favorável à candidatura própria a presidente da República. No encontro, realizado no Senado, 13 diretórios argumentaram que a candidatura própria atrapalha as negociações com o PT e o PSDB nos estados e 11 se manifestaram favoráveis à entrada do PMDB na disputa presidencial. Estes 11 estados, no entanto, têm mais votos na convenção marcada para 10 de junho: 405 de um total de 726.

O ex-presidente Itamar Franco e o ex-governador do Rio Anthony Garotinho, pré-candidatos do partido, venceram a ala governista e impediram que a convenção fosse antecipada para maio, como propôs o governador de Santa Catarina, Eduardo Moreira ¿ o titular Luiz Henrique se afastou para disputar a reeleição.

Mesmo contrário à candidatura própria, o ex-governador de Pernambuco Jarbas Vasconcelos, que defende a liberação do partido nos estados, reconheceu que a maioria do partido é favorável à tese:

¿ Se a convenção fosse hoje a candidatura própria ganharia. Vários fatores favorecem a candidatura própria: a denúncia contra 40 pelo procurador-geral da República, Lula está estabilizado, Alckmin não cresce e Itamar colocou sua candidatura.

Simon provoca Renan: ¿Você nunca fez nada¿

Na reunião, Itamar reafirmou que é candidato e disse que seu nome reforça a necessidade de o PMDB ter candidato:

¿ Sou candidato. Vou à convenção. O importante é que o PMDB tenha candidato próprio.

Garotinho, que ameaçou recorrer à Justiça para impedir a antecipação da convenção, disse que o PMDB tinha a obrigação de oferecer uma alternativa aos eleitores:

¿ Com a nossa candidatura vamos dar uma oportunidade para os eleitores não votarem nem nos tucanos que venderam o Brasil nem nesta quadrilha montada pelo PT.

Os governistas e contrários à candidatura própria, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o líder no Senado, Ney Suassuna (PB), também compareceram. Foi o que bastou para que o senador Pedro Simon (PMDB-RS) fizesse um apelo irônico a Renan.

¿ Esse menino, o Renan, foi o braço direito de Collor e fez dele presidente por um pequeno partido. O Renan devia se somar ao esforço para ajudar o PMDB, um grande partido, a ter seu candidato ¿ afirmou Simon.

¿ Eu teria feito o mesmo pelo senhor ¿ respondeu Renan.

¿ O que é isso, menino? Nesses anos todos você nunca fez nada ¿ retrucou Simon.