Título: PETROBRAS REAGE A ACORDO EM BRASÍLIA
Autor: Ramona Ordoñez
Fonte: O Globo, 20/04/2006, O País, p. 12

Gasoduto foi negociado para aprovar Orçamento da União mas estatal critica

RIO e BRASÍLIA. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, deixou claro ontem que a companhia não vai construir o gasoduto Urucu-Coari-Manaus, na Amazônia, a preços que considere muito elevados apenas porque o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) pediu que essa obra seja iniciada imediatamente em troca da aprovação do Orçamento de 2006. O presidente Lula determinou que o governo cedesse aos pedidos dos estados para conseguir aprovar o Orçamento anteontem à noite, depois de quatro meses de atraso.

A licitação do gasoduto foi suspensa pela Petrobras há alguns meses porque os preços apresentados pelas empresas concorrentes estavam muito acima das estimativas da companhia ¿ mais de US$342 milhões além do previsto. Mas Gabrielli disse que, independentemente do pedido do senador, a Petrobras já tinha aprovado o projeto, que considera prioritário, e está negociando com as empresas redução de preços. O gasoduto levará principalmente gás natural para Manaus que seria utilizado para gerar energia elétrica, hoje à base de óleo diesel.

O executivo explicou que o processo licitatório começou no início do ano passado e foi suspenso devido aos preços elevados. A companhia iniciou então a negociação com as empresas. O projeto está dividido em três trechos e, segundo Gabrielli, já estão em fase final as negociações para dois trechos. Para o terceiro ainda não há previsão de acordo de preços.

¿ Vamos concluir a negociação de dois trechos e continuar negociando ¿- disse Gabrielli.

Os trechos que estão em fase final são o que vai da região produtora de petróleo e gás de Urucu a Coari ¿ com 279 quilômetros de extensão e que se destina a transportar GLP (gás de cozinha) ¿ e o que tem 186 quilômetros e vai da região de Amanã a Manaus, para transportar petróleo e gás natural. Segundo um técnico da estatal, o trecho que está com suas negociações ainda sem muitos avanços abrange uma área mais difícil na selva amazônica e vai de Coari a Anamã, com 196 quilômetros de extensão, também para transportar gás natural e petróleo.

Virgílio diz que quer ¿energia limpa e barata¿

Arthur Virgílio refutou a informação de que defende a obra mesmo sabendo que o preço licitado está acima do máximo estalecido pela Petrobras.

¿ O que eu exigi foi que o governo restabelecesse os recursos que estavam previstos, cerca de R$110 milhões ¿ disse Virgílio.

Ele lembrou que o governo pôs no Orçamento do ano passado R$129 milhões para a obra mas aplicou só R$8 milhões. E disse que Manaus utiliza, em grande parte, energia elétrica produzida por diesel, cara e poluente. O gás natural permitiria a substituição da energia suja por outra ¿limpa, verde e barata¿. O tucano disse que luta pelo projeto, mas não deseja que a Petrobras tenha prejuízo.