Título: FMI VÊ ESPAÇO PARA REDUÇÃO DOS JUROS
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 20/04/2006, Economia, p. 24

Fundo recomenda ao governo cautela para evitar crescimento dos gastos

WASHINGTON e SÃO PAULO. Satisfeito com o desempenho da economia do Brasil até o momento, o Fundo Monetário Internacional (FMI) acha que existe folga suficiente para que o governo ¿continue a gradual redução das taxas de juros iniciadas em setembro de 2005¿, e que também chegou a hora de as autoridades ¿empreenderem as reformas estruturais necessárias para tornar o Brasil mais competitivo¿.

¿ Ainda são necessárias reformas para melhorar a capacidade das pessoas de abrir negócios. Eu acho que é muito importante para o Brasil reduzir os custos burocráticos e os vários componentes que compõem as barreiras para quem se lança em empreendimentos ¿ disse Raghuram Rajan, economista-chefe do FMI, na abertura da reunião semestral conjunta do Fundo e do Banco Mundial.

Rajan elogiou o país e citou ¿grandes passos na política macro, a boa contenção da inflação, as baixas expectativas de inflação e uma política fiscal muito razoável¿. No informe ¿Perspectivas da Economia Mundial¿, preparado por Rajan e pelo vice-diretor do Departamento de Pesquisas do FMI, David Robinson, divulgado ontem, constava, no entanto, a sugestão de que o governo seja cauteloso com os gastos públicos.

¿Para continuar o progresso feito na redução da dívida pública, será importante resistir às pressões para afrouxar a política fiscal para sustentar altos superávits primários, e também levantar o crescimento a médio prazo através de reformas, incluindo a melhoria da qualidade da política fiscal e do clima para negócios¿, dizia o documento.

Sobre as eleições presidenciais em sete países latino-americanos este ano, o texto afirma que é importante manter ¿as sólidas políticas econômicas¿ e defender a credibilidade obtida junto aos investidores.

Robinson definiu como ¿uma recuperação bastante sólida¿ a previsão do próprio Fundo de que a economia brasileira crescerá 3,5% este ano ¿ contra média mundial de 4,9% ¿ e em 2007. Segundo ele, o fraco desempenho de 2005 (2,3%) se deveu a várias razões, como a seca e incertezas políticas.

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, contestou as previsões do FMI para o Brasil. Segundo ele, os dados coletados pelo governo permitem prever uma expansão entre 4% e 5% este ano.

¿ Os dados do primeiro trimestre, que vão sair em breve, são bastante promissores ¿ disse Furlan, após seminário ontem em São Paulo.

Ele afirmou que o governo tem uma avaliação mais dinâmica da economia que os organismos internacionais.

COLABOROU Aguinaldo Novo