Título: PFL representa contra ministro e PSDB pede a quebra de sigilo de assessores
Autor: Ilimar Franco e Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 21/04/2006, O País, p. 4

Lula, segundo seu porta-voz, gostou do depoimento de Thomaz Bastos

BRASÍLIA. Além da possibilidade de um novo depoimento do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, desta vez no Senado, a oposição vai agir em três outras frentes para manter em evidência o episódio da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. O PFL entrou ontem com representação contra o ministro na Comissão de Ética Pública. O PSDB quer acesso ao sigilo telefônico dos assessores de Bastos, Daniel Goldberg e Cláudio Alencar. E o PPS pede que esses assessores e o ex-presidente da Caixa Jorge Mattoso também se expliquem na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ).

O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), entrou com representação na Comissão de Ética acusando o ministro de ter desrespeitado o artigo terceiro do Código de Conduta da Alta Administração Federal. A alegação é que há conflito de interesse entre o fato de Bastos ser superior hierárquico da Polícia Federal e indicar um advogado para fazer a defesa do ex-ministro Antonio Palocci.

O vice-líder do PPS, Colbert Martins (BA), apresentou requerimento convidando Mattoso, o secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, Daniel Goldberg, o chefe de gabinete do ministro da Justiça, Claudio Alencar, e o presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Antônio Gonçalves Rodrigues para depor na Câmara. Já Gustavo Fruet (PSDB-PR) pediu formalmente que Goldberg e Alencar ofereçam seu sigilo telefônico nos dias 15 e 16 de março.

Parte da oposição considerou que o ministro não esclareceu todas as dúvidas. Mas seu desempenho na CCJ foi elogiado.

¿ O governo está contaminado, mas a radiação não vem do ministro. Ele deve ter sido o homem que alertou o presidente da gravidade dos fatos. Andou no limite da legalidade. O único momento em que pode ter ultrapassado essa linha foi quando indicou e levou um advogado a um ministro envolvido em um crime ¿ disse José Carlos Aleluia (PFL-BA), líder da minoria.

O presidente Lula, segundo o porta-voz André Singer, gostou do desempenho do ministro da Justiça. O ministro das Relações Institucionais,Tarso Genro, considerou esclarecedor o depoimento de Bastos. Tarso enfatizou que nunca na história do país a PF trabalhou e investigou tanto em todas as esferas até do próprio poder:

¿ O ministro não deixou nenhuma dúvida sem resposta.

Rodrigo Maia discorda:

¿ O ministro disse que queimou as pontes com a iniciativa privada quando foi para o governo, mas parece que uma delas estava inteira quando indicou um advogado a Palocci. .