Título: NOVA DENÚNCIA CONTRA ALCKMIN SERÁ APURADA
Autor: Tatiana Farah
Fonte: O Globo, 21/04/2006, O País, p. 12

Procurador diz que investigará suspeita de uso irregular de publicidade em outra revista

SÃO PAULO. O Ministério Público Estadual vai investigar uma nova denúncia sobre a publicidade do governo de Geraldo Alckmin (PSDB). O procurador-geral de Justiça, Rodrigo Pinho, afirmou ontem que vai apurar a suspeita de uso irregular de verbas de propaganda na revista ¿Futebol Paulista¿, como mostrou reportagem do GLOBO ontem.

A revista, ligada à Federação Paulista de Futebol, publicou cinco páginas de anúncios do governo na mesma edição em que o então governador era o destaque da capa e em que seu editorial faz um agradecimento a supostos ¿amigos¿ do governo. Na mesma edição há outros anunciantes, entre eles a Nossa Caixa, estatal acusada de propaganda dirigida. Pelo menos dois deles não pagaram pelos anúncios, pois fizeram permuta com a editora. Cada anúncio teria custado entre R$30 mil e 40 mil.

¿ Esses fatos serão apurados junto com a investigação sobre a publicidade do governo ¿ anunciou o procurador-geral, antes de tomar posse em seu segundo mandato no cargo.

Pinho investiga se houve participação direta do então governador Alckmin nos acordos de propaganda e se os recursos foram usados sob orientação política.

Outra publicação investigada é a revista ¿Ch'an Tao¿, da Associação de Medicina Tradicional Chinesa, presidida pelo acupunturista de Alckmin, Jou Eel Jia. A revista recebeu pelo menos R$120 mil de publicidade de estatais paulistas. Tanto a ¿Ch'an Tao¿ como a ¿Futebol Paulista¿ têm tiragem indefinida e não têm verificação de circulação.

Segundo o proprietário, Marcelo Neres, as demais edições tiveram tiragem oscilante e inferior a 100 mil. A editora fechou. O presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero, afirmou que suspendeu a autorização para que a revista, editada entre 2004 e 2005, fosse publicada porque a editora não informava o número de exemplares.

O presidente da Nossa Caixa, Carlos Eduardo Monteiro, foi convocado a depor na terça-feira à Comissão de Finanças e Orçamento da Assembléia Legislativa. Os deputados querem explicações sobre os 22 meses em que o banco gastou mais de R$45 milhões em publicidade sem licitação nem contrato.