Título: Sem-terra denunciados por ataque à Aracruz
Autor: Chico Oliveira
Fonte: O Globo, 21/04/2006, O País, p. 15

João Pedro Stédile está entre os incriminados por formação de quadrilha armada, furto e lavagem de dinheiro

PORTO ALEGRE. O coordenador nacional do Movimento Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, e dezenas de outros denunciados pelo ataque ao laboratório e aos viveiros da Aracruz Celulose, em março último, na cidade de Barra do Ribeiro (RS), serão denunciados segunda-feira por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro recebido do exterior. A decisão é do promotor de Barra do Ribeiro Daniel Indrusiak, que também pediu a quebra do sigilo bancário de três entidades ligadas à Via Campesina que assumiram o vandalismo.

¿ Houve a formação de uma quadrilha que utilizou sua articulação para a captação desses recursos no exterior e sua aplicação no ataque. As entidades se valiam da quadrilha para captar e ocultar a procedência desses recursos, que foram usados na execução de crimes ¿ anunciou Indrusiak, que ainda denunciará os acusados por furto qualificado e formação de quadrilha armada, além da lavagem de dinheiro.

A denúncia é resultante do inquérito que apurou as responsabilidades pelo ataque e que indiciou 37 pessoas. Elas são ligadas ao Movimento das Mulheres Camponesas, à Associação das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Rio Grande do Sul e à Associação das Mulheres Trabalhadoras Rurais da Região Sul, entidades sediadas em Passo Fundo, que estão por trás da captação dos recursos que sustentaram o vandalismo.

A descoberta da origem dos recursos e outras movimentações financeiras das entidades foi possível graças à busca e apreensão de documentos e computadores feita com ordem judicial em sua sede e que é a principal prova. As três entidades, segundo o promotor, também serão incluídas na denúncia, por estarem envolvidas na lavagem de dinheiro.