Título: BNDES tem limitações, diz Pires. Juiz volta a descartar falência da empresa
Autor: Luiza Damé e Erica Ribeiro
Fonte: O Globo, 21/04/2006, Economia, p. 34

BRASÍLIA e RIO. Depois de participar da solenidade em homenagem ao astronauta Marcos Pontes, no Palácio do Planalto, o ministro da Defesa, Waldir Pires, admitiu que o governo poderá injetar dinheiro na Varig para evitar que a empresa quebre. O ministro, porém, não adiantou de onde sairia o dinheiro e destacou que o BNDES tem limitações para financiar a companhia. Pires disse que qualquer ajuda oficial à Varig só será feita dentro da lei:

¿- Não é só possível a ajuda financeira. É a convicção de que é possível existir uma tomada de operação da Varig consistente, séria, com um projeto sério de recuperação da empresa. O governo só pode gastar dinheiro público na forma da lei, não pode fazer fora da lei. O governo está empenhado nisso, está desejoso que isso ocorra.

Anteontem, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou que o governo não socorreria a Varig e não poderia fazer generosidade com dinheiro público.

Pires teria uma reunião ontem à tarde com a direção da Agência Nacional de Avião Civil (Anac) para discutir a situação da Varig e uma proposta para que o país não perca espaço na aviação internacional:

¿- Espero ter uma reunião com o pessoal da Anac, que é a agência hoje incumbida de estudar tudo e propor que o Brasil não perca espaços internacionais, propor que os aviões voem com segurança, propor que não percamos os aviões por falta de pagamentos externos, aqui ou ali, em arrestos, propor que os todos os slots (espaço para pouso e decolagens nos aeroportos) brasileiros sejam preservados e que nossos compromissos sejam assegurados ¿ afirmou.

No Rio, o juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça, que conduz o processo de recuperação da Varig, reforçou ontem que a empresa é viável.

¿ Hoje, sinto-me muito menos em condições de decretar a falência da Varig. Os administradores judiciais afirmam que a empresa é viável. É um contra-senso dizer que uma empresa essencial para o país é nociva à sociedade.

Um dia depois de Dilma também ter dito que os problemas da Varig foram causados por má gestão, o juiz afirmou não acreditar que alguém tenha interesse na quebra da empresa:

¿ Não tenho autoridade para criticar quem quer que seja. A ministra Dilma tem seus fundamentos. Mas prefiro acreditar que, em vez de ficar revolvendo o tempo, temos de buscar uma solução. Acho que ela existe, caso contrário já teria decretado a falência.

Ontem, funcionários da Varig fizeram uma manifestação no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.