Título: MANTEGA REAFIRMA DISCIPLINA FISCAL
Autor:
Fonte: O Globo, 22/04/2006, Economia, p. 19

O ano eleitoral não interfere em nada¿, disse ante preocupação do Fundo

WASHINGTON. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tratou de dissipar ontem os temores ¿ manifestados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) ¿ de que o fato deste ser um ano eleitoral poderia implicar em afrouxamento da disciplina fiscal. O alerta do Fundo era generalizado para a América Latina.

Segundo a avaliação do FMI, ¿a região confronta desafios importantes e crescentes frustrações com os resultados sociais. E esses problemas poderiam propiciar um retorno a políticas populistas, se não forem atacados de forma decisiva¿.

Mantega procurou logo tirar o Brasil desse quadro:

¿ Se quiséssemos fazer populismo teríamos jogado as taxas de juros lá para baixo há muito tempo. O ano eleitoral não interfere em nada.

O ministro definiu como natural a preocupação em evitar ¿que em ano eleitoral algum governo cometa alguma irresponsabilidade¿. Mas comentou que se tratava de suspeita ultrapassada em relação ao Brasil:

¿ Eles não estão habituados com as novas práticas e a filosofia que está sendo implementada no Brasil. Este pode ser um ano eleitoral, mas isso não muda em nada a nossa política fiscal e monetária.

Enfático, disse que essa é uma posição nacional e não apenas do governo Lula, e que Brasil está amadurecido.

¿ Todos os candidatos (à presidência da República) são pessoas responsáveis, e estão preocupados com os aspectos que mantêm a solidez da nossa economia ¿ afirmou.

Cautela para não diminuir cota do país no organismo

Mantega foi cauteloso ao se referir à proposta do próprio diretor-gerente do FMI, Rodrigo de Rato, para que haja uma revisão das cotas do organismo ¿ dando mais poder de voto e de opinião a países cuja economia hoje é bem maior do que na época em que as cotas foram estabelecidas.

A posição agressiva, que o Brasil vinha mostrando nos últimos anos em campanha para tal revisão, foi substituída por uma tática defensiva. O ministro deu a entender que a principal preocupação agora é a de não perder o pouco que o país tem: 1,5% de poder de voto no FMI.

¿ Somos favoráveis a uma mudança, mas com cuidados. A realocação de cotas não pode ser feita de uma forma que diminua a nossa parcela ¿ afirmou. (J.M.P.)