Título: GRUPO TRABALHOU EM OUTROS CASOS DE REPERCUSSÃO
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 23/04/2006, O País, p. 9

Procuradores dizem que também podem fazer investigações criminais

BRASÍLIA. Entre as denúncias que a procuradora Cláudia Sampaio já ofereceu está uma contra o ex-governador de Roraima Flamarion Portella, envolvido na operação da Polícia Federal que desbaratou esquema de pagamentos irregulares a funcionários públicos.

Depois que Antônio Fernando de Souza assumiu a chefia da Procuradoria-Geral, Cláudia Sampaio foi destacada para atuar também em assuntos no STF. Ela passou a ser uma das pessoas com quem Antônio Fernando mais discutia as investigações criminais.

Procuradora atuou na investigação contra Cacciola

Outra colaboradora de Antônio Fernando é a procuradora Raquel Branquinho. Ela já atuou em casos rumorosos como o escândalo sobre supostos favorecimentos ao Banco Marka. Foi também uma das responsáveis pela investigação que levou à prisão o banqueiro Salvatore Cacciola, hoje foragido do país, depois de ter recebido um hábeas-corpus do Supremo Tribunal Federal para deixar a cadeia.

No processo que tratou da ajuda financeira dada pelo Banco Central aos bancos Marka e Fonte Cindam em janeiro de 1999, após a desvalorização cambial, a juíza da 6ª Vara Federal Criminal do Rio, Ana Paula Vieira de Carvalho, condenou oito dos 11 denunciados no caso. Por gestão fraudulenta e peculato, Cacciola foi condenado a 13 anos de prisão e o ex-presidente do Fonte Cindam Luiz Antônio Gonçalves, a dez anos. Luiz Augusto Bragança, ex-sócio de Chico Lopes na consultoria Macrométrica, recebeu pena de cinco anos de prisão em regime semi-aberto. Somadas, as multas impostas a eles são de R$1,023 milhão.

¿O MP trabalha mesmo sem aparecer¿, diz procurador

As duas procuradoras no caso do mensalão contaram com a ajuda do procurador regional Alexandre Espinosa, que recentemente também acompanhou as investigações sobre as ligações entre o ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti e o empresário Sebastião Buani, que era dono de um restaurante na Câmara Deputados.

A discreta atuação dos procuradores fortaleceu duas teses defendidas pela cúpula do Ministério Público: a de que os procuradores têm capacidade de conduzir investigações criminais e a de que não tomam atitudes apenas em busca dos holofotes da mídia, uma crítica comum durante os anos do governo Fernando Henrique Cardoso.

¿ O Ministério Público trabalha mesmo sem aparecer. Não nos interessa parecer que estamos trabalhando, mas sim os resultados obtidos ¿ afirma um colega dos procuradores, que defende a forma de atuação do grupo.