Título: Longe dos holofotes, atuação com eficiência
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 23/04/2006, O País, p. 9

Procuradores que ajudaram a formular denúncia contra os 40 envolvidos no mensalão fazem trabalho discreto

BRASÍLIA. A exemplo do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, eles são discretos e silenciosos. Diferentemente dos parlamentares que participaram das CPIs, trabalham distantes das câmeras de televisão e dos microfones dos repórteres. Foi assim que o pequeno grupo de três procuradores que atuou ao lado do procurador-geral na preparação da denúncia contra os 40 envolvidos no escândalo do mensalão agiu durante os últimos 10 meses.

A subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio Marques, a procuradora da República no Distrito Federal Raquel Branquinho e o procurador regional Alexandre Espinosa foram tão discretos que surpreenderam até alguns de seus assessores ao anunciar que a denúncia já havia sido apresentada ao Supremo Tribunal Federal, no dia 30 de março, quando os parlamentares da CPI dos Correios foram à Procuradoria-Geral da República entregar no dia 11 de abril o documento final com os trabalhos da comissão.

¿ Não é necessário pirotecnia para obtenção de resultados. No silêncio se trabalha melhor ¿ afirma um procurador da República que atuou com os mesmos integrantes do MPF que assessoraram Antônio Fernando.

Mas discrição não deve ser confundida neste caso com inexperiência. A subprocuradora Cláudia Sampaio Marques foi a responsável, por exemplo, pela condução do processo que resultou no afastamento do desembargador federal Francisco Pizzolante do Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro. Ela atua em processos criminais contra governadores que tramitam no Superior Tribunal de Justiça.