Título: Uso correto das verbas é atitude de poucos deputados
Autor: José Casado e Maria Lima
Fonte: O Globo, 23/04/2006, O País, p. 11

Para Miro Teixeira, é uma questão de coerência política

São poucos, mas há deputados federais que usam de forma moderada ou, simplesmente, não usam a verba indenizatória para gastos correntes. No primeiro grupo está, por exemplo, Osmar Serraglio (PMDB-PR). No outro, Miro Teixeira (PDT-RJ). Para Miro, não usá-la é questão de coerência política: como líder partidário, na época da criação dessa verba, estimulou a oposição e votou contra por entender que se tratava de algo injustificável para a sociedade.

Essa verba foi criada em 2001, inspirada pelo ex-deputado Severino Cavalcanti e sancionada pelo ex-deputado Aécio Neves, atual governador de Minas. Desde então, conta Miro, só usou uma vez, para pagar a contratação de um professor universitário, porque não podia fazê-lo com a verba de gabinete em Brasília.

¿ Sabia que a Câmara pagaria muito caro. Sou absolutamente favorável a um salário transparente, sem essas coisas que permitam essas dissimulações ¿ diz o deputado.

Câmara põe parte das contas na internet

Diferentemente do Senado, de Assembléias Legislativas, de Câmaras Municipais, e do Judiciário, a Câmara dos Deputados pelo menos começou a expor parte de suas contas na internet. Foi difícil chegar a esse estágio, conta Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), ex-primeiro secretário.

¿ Fiz o portal à revelia de muitos na Mesa Diretora. A idéia de pôr tudo na internet para que o cidadão acompanhasse a prestação de contas era justamente para evitar fraudes. Agora, se o deputado admite que trocou nota de almoço por nota de combustível, isso não é fraude; esse cara é um bobão!

Para o chefe da procuradoria da Câmara José Augusto Torres, a solução é simples:

¿ Se um deputado pega nota fria, é caso de Corregedoria.