Título: ENTRE OS ESTRANGEIROS, 18,6% SÃO MULHERES
Autor: Chico Otavio
Fonte: O Globo, 23/04/2006, O País, p. 16

De acordo com a pesquisa do procurador Artur Gueiros, existem mais mulheres estrangeiras presas, proporcionalmente, do que mulheres brasileiras. Enquanto as estrangeiras somam 18,6% contra 81,4% de homens, as brasileiras representam apenas 4% da população carcerária total. Elas também são mais envolvidas no tráfico do que os homens. A maior parte veio ao Brasil por motivo de turismo. E 64% das presas são solteiras, 24% são casadas e o restante, separadas e viúvas, sendo que 73% declararam ter filhos.

A maior reclamação dos presos foi com relação à demora na expulsão após cumprir a pena. Eles declararam que ficam mais tempo presos e só deixam a cela quando a Polícia Federal providencia a compra de passagem e conclui o processo de expulsão. A solidão foi outra referência constante nas entrevistas. Os presos se queixam por não receber visitas (no Rio, por exemplo, 86,5% das presidiárias e 76,6% dos homens declararam não receber visitas), por serem abandonados pelos consultados e não receber um tratamento humanitário, principalmente as mulheres, que não conseguem ligar para os países de origem (só existe a opção de telefonema a cobrar) e sofrem até com a falta de produtos de higiene pessoal.

Diante dos problemas, Gueiros defende a ampliação dos tratados de transferência entre o Brasil e os países que têm presos aqui para que eles possam cumprir a pena em sua terra e vice-versa.