Título: UM PARAÍSO AMEAÇADO
Autor:
Fonte: O Globo, 25/04/2006, O Mundo, p. 28

Dahab é reduto internacional de mergulhadores

TEL AVIV. Os atentados de ontem deixaram preocupados moradores de Dahab, que têm no turismo sua única fonte de renda. Segundo eles, até então os atentados em Sharm el Sheik, Taba e Ras al-Satan no ano passado haviam provocado apenas uma troca de caras e idiomas no balneário. Durante anos, os vizinhos israelenses foram a maior fonte de renda da região num lugar onde árabes e judeus convivem amigavelmente e onde em qualquer lugar é possível falar hebraico. Após a onda de terror sobre a península e a retirada unilateral de Gaza, os israelenses têm evitado o Sinai, dando lugar aos europeus. Hoje, a maioria dos visitantes vem de países escandinavos, fugindo do frio. Só não se sabe até quando.

Se o badalado balneário de Sharm el-Sheik mantém a fama de paraíso por suas praias de areias brancas, suas águas transparentes e seus resorts de alto luxo, a pequena Dahab conquistou na última década o coração de mochileiros e mergulhadores de todo o mundo. Há 30 anos, Dahab era uma aldeia beduína no sul da península do Sinai, mas as belezas do reduto de alguns dos maiores bancos de corais do planeta foram descobertas por aventureiros que transformaram o lugar numa espécie de Búzios, repleta de gente bonita. Visitantes deram ao lugar o apelido de Goa do Mediterrâneo, numa referência à paradisíaca cidade indiana.

As antigas cabanas beduínas foram substituídas por pousadas e até hotéis de luxo, mas o charme e a hospitalidade do povo do deserto se mantiveram intactas. Os ambientes pouco lembram os arredores do conturbado Oriente Médio. Dahab reúne egípcios, beduínos, israelenses e europeus em busca de sombra e água fresca. Fica a poucos quilômetros do Monastério de Santa Catarina, localizado aos pés do bíblico Monte Sinai. Pelo menos 60 escolas de mergulho se instalaram no centro da cidade.