Título: Corregedor dá sinais de que não punirá farra
Autor: Maria Lima
Fonte: O Globo, 26/04/2006, O País, p. 9

Nogueira, que também diz usar média de R$9 mil a R$12 mil com combustível, diz que só deve investigar um deputado

BRASÍLIA. As investigações da Câmara sobre a farra da gasolina com o uso da verba indenizatória paga aos deputados podem não resultar em processo nem mesmo contra Francisco Rodrigues (PFL-RR), que confessou usar notas de combustível para justificar outros gastos e garantir o ressarcimento dos R$15 mil das despesas extras nos estados. O corregedor Ciro Nogueira (PP-PI) avisou que só decidirá se cria uma comissão de sindicância para investigar o colega se as explicações não forem convincentes.

Os outros deputados que aparecem no levantamento do GLOBO como campeões de gastos suspeitos com combustível nem serão investigados. E o comando da Câmara também não sabe o que fazer com a polêmica verba indenizatória. Em reunião da Mesa marcada para hoje várias propostas serão discutidas, inclusive a incorporação da verba ao salário.

Corregedor quer limitar em 30% gastos com combustível

Ciro Nogueira propõe limitar em 30% dos R$15 mil mensais o gasto com combustível. O corregedor, que declara usar uma média de R$9 mil a R$12 mil de combustível por mês, não se considera impedido de investigar as suspeitas e diz que gastar muita gasolina não é ilegal.

¿ A Corregedoria só vai investigar o deputado Francisco Rodrigues porque tem uma denúncia contra ele de nota fria. Não temos como investigar outros 512 deputados porque gastaram muito. Só se tivéssemos a comprovação de que usaram notas frias. Só podemos fazer isso depois da investigação do TCU. Mandei citar o Rodrigues para ele se defender. Depois da sua explicação decidimos sobre a sindicância ¿ disse Ciro.

A principal peça da defesa de Rodrigues é uma declaração do gerente do Posto Trevo, em Boa Vista, negando ter revelado ao GLOBO que o parlamentar abastece ali toda a sua frota, incluindo caminhões, kombis e utilitários, e no final do mês, exatamente no dia 25, manda buscar uma nota fiscal de toda a despesa, mediante a soma das requisições de abastecimento.

Na entrevista ao GLOBO, semana passada, Cássio Gomes foi claro ao informar que no Posto Trevo, mediante requisição, são abastecidos todos os carros da frota do deputado com uma média de gasto que varia de R$2 a R$12 mil.

No desmentido encaminhado à Corregedoria, o gerente diz que sequer sabia que o deputado tem uma empresa de terraplanagem e transportes: ¿Tampouco disse que emitimos uma nota fiscal única pelo abastecimento de carros particulares, caminhões, e utilitários da empresa e da fundação¿, diz a nota assinada pelo gerente.