Título: JUROS MÉDIOS RECUAM AO MENOR NÍVEL DESDE 1994, MAS AINDA SÃO ELEVADOS
Autor: Patricia Duarte
Fonte: O Globo, 26/04/2006, Economia, p. 22

Custo para pessoas físicas ficou em 59% ao ano em março, segundo BC

BRASÍLIA. A taxa média de juros para pessoas físicas em março recuou 0,2 ponto percentual para 59% ao ano em março, tornando-se a mais baixa da série histórica inaugurada em julho de 1994, data de implantação do Plano Real. O número ainda é elevado, reconheceu o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes, mas ele acredita que a tendência continua sendo de queda.

O resultado somente não foi melhor porque o spread bancário (diferença entre a taxa de captação do dinheiro e a cobrada do consumidor final, que reflete a margem de lucro das instituições) subiu 0,3 ponto percentual no período, para 44 pontos percentuais. Com isso, voltou ao patamar de setembro passado, quando o BC começou a reduzir a Selic, hoje em 15,75% ao ano. Pesou ainda o crédito consignado, cuja taxa média de juros subiu 0,6 ponto percentual, para 37,1% ao ano.

¿ É um evento isolado. Esse aumento no consignado reflete a atuação de algumas instituições com taxas mais elevadas. No segundo trimestre, o spread deve desacelerar, e as taxas em geral, também ¿ afirmou Lopes, lembrando que existe maior demanda por crédito no primeiro trimestre, o que acaba impulsionando as taxas.

Indicador desse movimento é a prévia de abril (até o dia 11), que já mostra redução de um ponto percentual na taxa média de juros para os consumidores, a 58% ao ano. Para as pessoas jurídicas, no entanto, há aumento de 0,6 ponto percentual, a 31,3% anuais. Em março, a taxa para as empresas recuou 0,9 ponto, para 30,7%, enquanto os spreads haviam caído de 15,1 pontos para 14,5 pontos no mesmo período. Na média global, a taxa de juros do sistema financeiro encerrou março com 45,7% ao ano, a menor desde dezembro de 2004.

¿ No geral, o relatório (do BC) é bom. Apesar de ainda lento, o repasse da queda da Selic vem acontecendo ¿ afirmou o vice-presidente da Anefac (associação que reúne os executivos de finanças), Miguel de Oliveira.

O volume total de crédito no país ficou em R$623,9 bilhões, número quase 1,5% maior que o de fevereiro e com crescimento de 19,6% acumulado em 12 meses, representando 31,6% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto das riquezas produzidas no país).

Volume total de crédito consignado foi de R$35,5 bi

Só para o crédito consignado, o volume total de financiamentos ficou em R$35,529 bilhões em março, com alta de quase 10% no trimestre e de 61% nos últimos 12 meses. A inadimplência geral no mês passado ficou estável em 4,5% no saldo de atraso acima de 90 dias.

Para pessoas físicas, apenas os juros do CDC para bens duráveis subiram em março: 2,5 ponto percentual, para 56,9% ao ano. Nas demais houve reduções, com destaque para o crédito pessoal, que passou de 68,6% para 67,8% ao ano. No segmento de pessoas jurídicas, quase todas as modalidades tiveram redução de taxas. No caso do desconto de promissória, passou de 56,2% ao ano para 52,5% anuais.