Título: FRACASSO NA BOLÍVIA FAZ EBX TRANSFERIR PROJETO
Autor: Mirelle de França
Fonte: O Globo, 26/04/2006, Economia, p. 23

Amapá, Mato Grosso ou Paraguai poderá receber a siderúrgica de US$150 milhões

O Grupo EBX estuda a transferência de seu projeto siderúrgico na Bolívia para o Amapá, Mato Grosso ou até mesmo para o Paraguai. O negócio, orçado em US$150 milhões, tornou-se inviável no país vizinho, depois que o presidente da Bolívia, Evo Morales, expulsou a companhia da região, alegando que sua presença era ilegal. Nos últimos dez meses, o EBX já havia investido US$60 milhões na operação, e a estimativa do empresário Eike Batista, dono do grupo, é de que o prejuízo com a suspensão do negócio será de cerca de US$20 milhões.

¿ Lamentamos o que aconteceu. Como o presidente Evo Morales disse aos meios de comunicação que não nos quer na Bolívia, vamos sair. Nós não costumamos ficar nos países onde não somos bem-vindos. No momento, estamos nos preparando para desmobilizar os investimentos na Bolívia. A idéia é desmontar os dois fornos já prontos e colocá-los em outro lugar -¿ disse Batista.

O projeto da EBX Siderúrgica da Bolívia começou a ser desenvolvido há dez meses, antes da eleição de Morales. Este, segundo Batista, é um dos motivos que levaram o governo boliviano a tentar impedir a instalação da usina siderúrgica. O outro, de acordo com o empresário, é o fato de a EBX ter arrendado o terreno para a construção da usina de uma família rival de Morales, a Monastério.

Dois altos-fornos já estavam prontos

Até o momento, já havia sido concluída a construção dos dois primeiros altos-fornos, de um total de quatro previstos no projeto. O primeiro teria que ter entrado em operação no mês passado, mas o governo boliviano não deu a licença necessária. A entrada em operação do segundo alto-forno estava prevista para junho.

¿ Começamos a desenvolver o projeto no governo anterior. Todo mundo que entrou antes (de Morales assumir) está sendo considerado ilegal ou com algum problema. Somos um pouco grandes para entrarmos pela porta dos fundos ¿ afirmou Batista.

Com a crise, o EBX também suspendeu o projeto de construção de duas termelétricas na fronteira do Brasil com a Bolívia. A empresa já havia investido US$6 milhões na construção de gasodutos.