Título: Único doador identificado tem ligação com prestadora de serviço ao estado
Autor:
Fonte: O Globo, 27/04/2006, O País, p. 4

Endereço de Roncoli é o mesmo de empresa credora dos cofres estaduais

Único doador identificado pelo PMDB, Luiz Antonio Motta Roncoli tem ligação com pelo menos seis empresas, três delas cadastradas no Siafem. Roncoli, que diz ser empresário do setor de informática há 40 anos, é sócio da Virtual Line, doadora da pré-campanha de Garotinho, e do Instituto Nacional de Pesquisa e Ensino da Administração Pública (Inep), que recebeu R$52.140.170 de 2003 a 2006 do estado, através da Fesp. O endereço de Roncoli na lista telefônica é o mesmo das empresas Pró-Service (que consta como credora do estado no Siafem) e do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Treinamento (IBDT), que recebeu nos últimos três anos R$25.614.373.

Em entrevista ao GLOBO na semana passada, o empresário garantiu que ¿que não tem nada debaixo do pano¿ na doação que fez ao PMDB. A doadora, Virtual Line, tem como única cliente a Unysis, que presta serviço ao governo do estado. Ele afirmou que não via impedimento em ser doador e ter relação com uma empresa prestadora de serviço do governo.

Irmão Roncoli são alvos de ação do Ministério Público

Roncoli responde a ação ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT) por fornecer irregularmente mão-de-obra a empresas privadas e órgãos públicos. A ação proposta pelo procurador do trabalho Cássio Casagrande, em dezembro de 2003, está em fase final e aguarda a sentença. Nela é citado um relatório produzido pela fiscalização da Delegacia Regional do Trabalho (DRT) que apontou fornecimento de modo ilícito de mão-de-obra para o serviço de tele-atendimento da Alerj e do poder executivo estadual.

Também são réus no processo, a cooperativa Pró-Service ¿ da qual Luiz Antonio é presidente, a cooperativa Coopersonal e seu irmão, Pedro Augusto Motta Roncoli, fundador de ambas.

Em depoimento prestado ao Ministério Público, a funcionária da Coopersonal, Carla Renata Nicolau, disse ter sido contratada através de indicação do Palácio Guanabara. Ela trabalhou por apenas um mês como gerente de operações do tele-atendimento conhecido como Alô Governadora e subordinado à Ouvidoria estadual. De acordo com o depoimento, as funcionárias do tele-atendimento eram cadastradas na cooperativa e contratadas por indicação política.

A auditoria da DRT constatou que um serviço similar de tele-atendimento era realizado por funcionários da Pró-Service na Assembléia Legislativa do Rio, o Alô Alerj. A assessoria do MPT informou terem sido instalados outros 17 procedimentos que apuram o envolvimento entre cooperativas e o governo do estado.

Outra funcionária, Etelma Almeida dos Santos, afirmou ter sido chamada pelo ¿senhor Secco¿ à sede da Coopersonal. Citado como administrador ou dono da cooperativa, ele teria oferecido um advogado para prestar depoimento no MP em seu lugar. Uma ex-funcionária da Virtual Line informou ontem que a empresa fora formada pelo empresário Ricardo Secco. A mulher do empresário, Angelina Direnna, aparece como sócia da Pró-Service.