Título: CASO DOROTHY: AGRICULTOR É CONDENADO A 18 ANOS
Autor: Ismael Machado
Fonte: O Globo, 27/04/2006, O País, p. 14

`Foi feita justiça, mas esperávamos pena máxima¿, diz irmão da missionária; confissão do crime foi atenuante

BELÉM. O agricultor Amair Feijoli da Cunha, o Tato, foi condenado ontem a 18 anos de reclusão por ter intermediado o assassinato da missionária americana Dorothy Stang em 12 de fevereiro de 2005. Ele foi o terceiro acusado a se sentar no banco dos réus. O juiz Cláudio Montalvão condenou o acusado a 27 anos de prisão, mas considerou como atenuante a confissão de Tato e diminuiu a pena em um terço. Tato vai cumprir a pena em regime fechado no presídio de Marituba, Região Metropolitana de Belém.

Nos dois principais quesitos que pesaram para a condenação, a diferença foi acentuada. Por cinco a dois os jurados consideraram que houve premeditação do crime. E por set votos a zero entenderam que não houve possibilidade de defesa para a vítima.

Advogada diz que Tato foi usado por poderosos

A condenação de Tato já era esperada desde as primeiras horas do julgamento, quando, ao ser interrogado, ele confessou ter intermediado o crime, acusando ainda Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, e Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, de terem sido os mandantes.

A estratégia de defesa era, a partir dessa confissão, diminuir a importância da participação de Tato no crime e também obter uma pena menor. A decisão foi comemorada dentro e fora do Tribunal de Justiça do Pará.

¿ Foi feita justiça, mas esperávamos a pena máxima ¿ afirmou David Stang, irmão da missionária.

A acusação defendeu a tese de que Tato contratou os executores do crime, com a promessa de uma recompensa no valor de R$50 mil, valor que seria pago pelos fazendeiros Vitalmiro Moura e Regivaldo Galvão.

Contratada pelos familiares do réu, a advogada Dalza Afonso Barbosa, do Espírito Santo, alegou que Tato foi usado por poderosos da região e que teve participação menor no crime.

Cerca de 500 pessoas acompanharam o julgamento. Eram advogados, estudantes de direito, além de parentes da vítima e dos acusados. Desde as primeiras horas da manhã a movimentação já era intensa.

Com a condenação, já são três os acusados de envolvimento no crime que estão presos. Falta o julgamento de Regivaldo Pereira e Vitalmiro Bastos, acusados de serem mandantes do crime.