Título: ESTATAIS APERTAM O CINTO E GARANTEM SUPERÁVIT DE 4,39% NO 1º TRIMESTRE
Autor: Patricia Duarte
Fonte: O Globo, 27/04/2006, Economia, p. 24

Resultado ficou acima da meta oficial, mas abaixo do obtido em 2005

BRASÍLIA. Com a disparada de gastos dos governos federal e regionais em ano eleitoral, coube às empresas estatais, sobretudo as federais, aumentar em 20% seu esforço fiscal no primeiro trimestre e garantir que o setor público consolidado fechasse o período com superávit primário ¿ economia para pagamento de juros da dívida ¿ de 4,39% do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto das riquezas produzidas no país). Mesmo acima da meta oficial para o ano, de 4,25%, o número ficou bem aquém do arrocho do primeiro trimestre de 2005 (4,88%). O ajuste das estatais foi concentrado no mês passado, garantindo ao país um superávit global de R$13,186 bilhões, o maior para março desde o início da série histórica, em 1991.

Pela primeira vez desde abril de 2005, o país conseguiu economizar em março mais recursos que os desembolsados com juros (R$12,899 bilhões), gerando superávit nominal de R$286 milhões. Ajudou também o ganho de R$615 milhões das operações cambiais no período. Mas os especialistas mantêm o estado de alerta.

¿ Para o segundo trimestre, a tendência é termos resultados mais próximos à meta do governo ¿ disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes, lembrando que a partir de abril já aparecerão os impactos do novo salário-mínimo, de R$350, nas contas públicas.

No mês passado, as empresas estatais economizaram R$5,494 bilhões, acumulando R$2,878 bilhões no trimestre, 20,31% a mais que no primeiro trimestre de 2005. Só as estatais federais tiveram saldo de R$5,354 bilhões em março.

Os governo central (governo federal, Banco Central e INSS) teve superávit primário de R$5,614 bilhões, abaixo dos R$7,205 bilhões de março de 2005 mas acima dos R$3,271 bilhões de fevereiro último. No trimestre, no entanto, o saldo ficou positivo em R$12,196 bilhões, quase 32% a menos que em igual período do ano passado. Para o cumprimento da meta quadrimestral, de R$28,7 bilhões, restam quase R$14 bilhões a serem obtidos. Mas Lopes acredita que o objetivo será cumprido.

Apesar dos gastos elevados, o superávit dos estados e municípios ficou em R$2,077 bilhões no mês passado, R$335 milhões a mais do que em março de 2005. No trimestre, porém, o saldo recuou 20,68%, para R$5,906 bilhões.

A queda reflete o movimento visto para o superávit primário global do país no período, que caiu R$6,696 bilhões, para R$20,981 bilhões.

¿ Os resultados de março foram bons, mas estamos no limite das despesas. Para cumprir a meta, é preciso continuar neste patamar ¿ afirmou o economista-chefe da consultoria Tendências, Roberto Padovani.

A dívida pública do país ficou praticamente inalterada em março, a R$1,022 trilhão, o equivalente a 51,7% do PIB.