Título: Garotinho: `Isso é questão do governo do estado¿
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 28/04/2006, O País, p. 10

Ex-governador diz, porém, que devolverá dinheiro porque havia `uma questão eticamente não favorável¿

BRASÍLIA. O pré-candidato do PMDB à Presidência da República Anthony Garotinho disse ontem, após palestra na IX Marcha dos Prefeitos em Defesa dos Municípios, que as denúncias sobre irregularidades nas doações para sua pré-campanha são perseguição política. E que têm a finalidade de impedir o crescimento de sua candidatura. Garotinho disse que seus adversários são poderosos e desencadearam "uma perseguição implacável" desde que ele começou a crescer nas pesquisas.

Sobre o pagamento de R$112 milhões pelo estado a empresas que doaram dinheiro para sua pré-campanha, disse:

¿ Isso é uma questão do governo do estado. Não sabia que as empresas tinham negócios com o governo do estado.

Garotinho preferiu falar em perseguição:

¿ Tudo isso é perseguição contra mim desde que eu cresci nas pesquisas. Meus adversários, que são poderosos, os bancos e as Organizações Globo, fazem uma perseguição implacável para ver se eu recuo.

Para uma platéia de dois mil prefeitos, Garotinho fez discurso de candidato, sem referir-se às denúncias contra sua pré-campanha. Em entrevista, disse que o PMDB criou uma comissão arrecadadora de recursos para sua pré-campanha de forma transparente, na qual as doações são feitas com cheque nominal e em conta específica. Ainda segundo ele, as empresas doadoras têm que apresentar certidões negativas da Receita Federal e da Estadual, da Previdência e o CNPJ.

Argumentou também que já mandou devolver os R$650 milhões doados por empresas que criaram domicílio eleitoral em municípios onde a alíquota do imposto sobre serviços (ISS) é menor que na cidade do Rio de Janeiro. Disse que não havia ilegalidade nesse procedimento, mas que decidiu devolver porque envolvia "uma questão eticamente não favorável¨.

¿ Quem está questionando quem está pagando as viagens do Geraldo Alckmin (candidato do PSDB)? É perseguição. Sou um homem limpo e, depois de 20 anos na política, tenho o mesmo patrimônio. É perseguição eleitoral. Deviam é aplaudir a minha atitude de colocar as contas na internet ¿ disse.

Demonstrando irritação, Garotinho disse ainda que o financiamento de sua campanha não pode ser comparado ao valerioduto, que abasteceu as contas de petistas e aliados do governo Lula. Quando perguntado sobre caixa dois, sugeriu que os jornalistas fossem procurar o tesoureiro de sua campanha em 2002, o deputado Alexandre Cardoso (PSB-RJ).

O pré-candidato disse também que a antecipação da convenção do PMDB para 13 de maio é golpe e adiantou que vai à Justiça para impedir sua realização. Para o ex-governador, a legislação prevê que a convenção que vai decidir a candidatura deve se realizar entre 10 e 30 de junho. Para derrubar a candidatura própria, seus adversários terão que obter dois terços dos votos dos convencionais.

¿ Qualquer outra convenção (que não a de junho) é golpe. Me levantarei contra estes golpistas. Lutarei ferrenhamente contra eles ¿ afirmou.