Título: SECRETÁRIOS DIZEM TER SEGUIDO A LEI
Autor: Aydano André Motta
Fonte: O Globo, 01/05/2006, O País, p. 3

O secretário estadual do Trabalho, Marco Antônio Lucidi, o titular da pasta de Saúde, Gílson Cantarino, e o secretário de Governo, Fernando Peregrino, afirmaram ontem que a contratação dos serviços da Fundação Pró-Cefet seguiu rigorosamente a lei. Eles não mencionaram, no entanto, as relações entre Lucidi, que presidiu a curadoria da fundação até 2003, e a própria ONG, como denunciado ontem no GLOBO. A reportagem mostrou que desde que o secretário deixou o antigo cargo, em 2003, foram empenhados, com recursos do Fundo Estadual da Saúde e da própria Secretaria de Trabalho, R$89,3 milhões para a Pró-Cefet.

O secretário de Saúde, responsável pela maior parte dos empenhos, disse desconhecer que Lucidi já tenha exercido algum cargo na ONG.

¿ Eu conheci o Lucidi já secretário, jamais soube que ele tinha sido presidente-curador. Não recebi nenhum pedido para colocar essa fundação. Fizemos consultas a várias instituições e a Pró-Cefet foi a que apresentou uma folha de serviço consistente, com estrutura, contratos com o governo federal, a menor taxa de serviço e o menor preço. Não fiz nada ao arrepio da lei ¿ afirmou Cantarino, explicando em seguida a destinação da contratação. ¿ A fundação faz o acompanhamento de toda a rede da Secretaria, inclusive na alocação de mão-de-obra, para substituir o funcionário, até o próximo concurso.

Ele disse que como muitas vezes o processo de seleção de novos estatutários é lento, a contratação pela fundação torna-se necessária.

¿ Se não tem neurocirurgião, ortopedista ou enfermeiro, eu tenho que ter uma solução. Não posso esperar todo o processo de abertura de concurso, que é lento. Isso não tem nada a ver como o Lucidi. Se eu descobrir que há qualquer erro nesse processo, vou ser o primeiro a tomar providências ¿ garantiu o secretário de Saúde.

Lucidi leu uma nota em que esclarece, entre outras coisas, que quando foi nomeado secretário do Trabalho, em 2003, tomou as providências necessárias para seu afastamento da Pró-Cefet. Ele pediu a investigação do caso.

¿ O que queremos é que tudo seja investigado. Onde houve engano, que se corrija, mas não estamos cometendo nenhum ato ilícito. Estamos dentro da legislação naquilo que diz respeito à minha secretaria. Empenhamos ali apenas R$900 mil para essa fundação de apoio, que é séria, formada por docentes com muita experiência. Só lamento que, com essa matéria, para o leitor fique uma imagem negativa a meu respeito, que eu não construí em 30 anos como médico, professor e administrador.

Peregrino afirmou a reportagem que denunciou Lucidi era ¿em alguns momentos deturpadora da verdade¿ e a contratação da fundação era recomendada pela qualidade:

¿ As contratações foram feitas com base na Lei 8.666. Ademais, a fundação colocada em xeque é universitária e supervisionada pelo Ministério Público estadual.