Título: CALOTE PARA SOCORRER TERCEIROS
Autor: Henrique Gomes Batista
Fonte: O Globo, 30/04/2006, Economia, p. 32

Especialistas alertam sobre pedidos de ajuda que atrapalham

Especialistas lembram que o crédito consignado é uma boa ferramenta e que, com os devidos cuidados, pode melhorar a vida dos aposentados. Mas a atenção deve ser redobrada na hora de se contrair o empréstimo, quando a maior parte dos problemas pode ocorrer. O vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Renault de Souza, lembra que o principal cuidado é não se deixar enganar. Ele lembra que há muitos aposentados que pegam financiamentos para parentes, amigos ou conhecidos e, depois, sofrem calote, comprometem parte significativa da renda e acabam entrando nos cadastros de maus pagadores.

¿ É muito comum recebermos o pedido de ajuda de aposentados, que se sentem muito pressionados por seus parentes a pegar o empréstimo. Alguns pedem que a gente ligue para os parentes. É uma situação muito difícil, pois em grande parte das famílias de aposentados há desempregados ¿ disse.

Renault lembra também que outro cuidado a ser tomado na hora de pegar o crédito é analisar se ele realmente é necessário. Há pessoas que apenas pegam os recursos para comprar bens de que muitas vezes não precisam. Segundo ele, há a ilusão de que o aposentado deve aproveitar o dinheiro só porque os juros são mais baixos.

O presidente da Confederação Brasileira dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Cobap), Benedito Marcílio, lembra que a orientação é fundamental e que, apesar de toda a fiscalização, ainda há entidades que abusam na hora de captar clientes.

¿ Nós conseguimos no fim do ano passado abolir a cobrança da Taxa de Abertura de Crédito (TAC), que em alguns casos chegava a cem reais, mas temos denúncias de que até hoje isso ocorre ¿ afirma.

Nilton Domingues Pedrosa, vice-presidente de Relações Públicas da Federação das Associações de Aposentados e Pensionistas do Rio, ressalta que o crédito é uma boa solução quando o aposentado tem dívidas com juros maiores, como cartão de crédito e cheque especial.

Já o superintendente de Assuntos Especiais da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Jorge Higashino, lembra que é preciso ter uma margem de segurança quando se faz a estimativa do valor da prestação do empréstimo no orçamento mensal. Especialistas ressaltam a questão do prazo: empréstimos mais longos em geral têm juros mais altos e são mais problemáticos nos meses em que os gastos aumentam. (H.G.B.)