Título: TRÊS CONSÓRCIOS DEVEM DISPUTAR VARIG, MAS ASSEMBLÉIA PODE SER SUSPENSA
Autor: Erica Ribeiro e Mariza Louven
Fonte: O Globo, 01/05/2006, Economia, p. 16

O fundo californiano Texas Pacific Group estaria liderando um dos grupos

No fim de semana, três grupos manifestaram interesse em participar do leilão da operação nacional da Varig, caso a proposta de cisão da empresa em duas ¿ uma sem dívidas, voltada para o mercado doméstico, e outra internacional, com todo o passivo ¿ seja aprovada pela assembléia de acionistas marcada para amanhã, informou ontem o diretor da consultoria Alvarez & Marsal, Marcelo Gomes. Segundo ele, estão sendo montados consórcios pela ASM Asset Management, por um grande banco nacional de investimentos e por um fundo californiano.

A consultoria Alvarez & Marsal, encarregada da reestruturação da Varig, não detalhou quais outros grupos, além da ASM Asset Management, estão formando consórcios. Mas fontes do setor afirmam que o fundo californiano seria o Texas Pacific Group, que participou da reestruturação da companhia aérea americana Continental Airlines e já esteve próximo da Varig em 2002, em uma das tentativas de recuperação da companhia.

Uma Varig, a Nacional, ficaria do tamanho da Gol

A ASM Asset ajudou na formatação dos Fundos de Investimentos e Participações (FIP), que fazem parte do plano de recuperação judicial da Varig. É por meio destes fundos que a companhia poderá atrair investidores. Um deles é o FIP Controle, que concentrará as ações da Fundação Ruben Berta (FRB), que são 87% do total.

Segundo o advogado Fabio Carvalho, do escritório Castro, Barros, Sobral, Gomes Advogados ¿ que trabalha em parceria com a consultoria Alvarez & Marsal na reestruturação da Varig ¿ o Banco Brascan, responsável pela gestão do FIP, pediu sexta-feira esclarecimentos à Justiça sobre os critérios de transferência das ações da FRB para o fundo.

Segundo Carvalho, para acelerar o processo, a transferência será feita pelo valor de mercado, com base na média das cotações das ações da Varig nos últimos 30 dias. Se isso não fosse feito, seriam necessários 45 dias para concluir os estudos de valor. Com a transferência, a FRB passaria de acionista a cotista do fundo e um novo modelo de governança seria instalado na Varig. A captação de investidores começaria 60 dias depois.

O advogado também explicou que mesmo que o plano desenvolvido pelo governo em parceria com a Justiça do Rio e os credores seja aprovado ¿ criando uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) que tornaria as operações domésticas em um novo ativo ¿ e a Varig Nacional seja posteriormente vendida em um leilão, a criação do FIP Controle não perde o valor. A chamada Varig Internacional continuaria em recuperação judicial e o fundo captaria recursos para esta empresa. A Varig Nacional ficaria com 36 aviões, equivalente à operação da Gol, diz Gomes.

Mas a assembléia de credores da Varig pode não terminar nesta terça-feira. Segundo fontes próximas à companhia, há o risco de ela ser suspensa por 48 horas, em função das novidades que surgiram ao longo da semana passada, como a entrada de novas propostas e o plano criado pelo governo, credores e a Justiça do Rio. Segundo a fonte, a Justiça do Rio, por meio da 8ª Vara Empresarial, e a Delloitte, que também acompanha o processo de recuperação, já estão preparadas para a possibilidade de suspensão da assembléia de amanhã.