Título: FUROS NO SEU BOLSO
Autor: Mauro Halfeld
Fonte: O Globo, 01/05/2006, Economia, p. 17

Como andam as taxas de administração cobradas pelos fundos de investimentos? Há uma boa notícia e uma má notícia. Começo pela parte boa: as taxas estão caindo. Por quê? Porque a concorrência tem aumentado, os investidores têm ficado mais espertos e novos produtos do governo, como o Tesouro Direto e o PIBB, têm contribuído para jogar para baixo essas taxas. A má notícia é que, para quem tem pouco dinheiro, as taxas continuam muito altas.

Fundos de ações que exigem aplicação mínima inferior a R$100 mil cobram, em média, 3% ao ano. Isso é muito, principalmente porque as ações rendem, a longo prazo, em média, menos de 10% ao ano acima da inflação. Já quem pode fazer um depósito inicial de mais de R$100 mil paga bem menos: somente 1,3% ao ano.

O que fazer? Montar sua própria carteira de ações em uma corretora ou juntar-se a um clube de investimentos, que cobre taxas baixas. O PIBB, aquele fundo do BNDES que continua sendo vendido diariamente na Bovespa, é imbatível: cobra só 0,059%.

Os fundos DI que exigem menos de R$10 mil como aplicação mínima cobram, em média, 2,2% ao ano. Trata-se de um percentual muito alto, considerando-se que os juros reais, menos o Imposto de Renda (IR), estão, neste momento, inferiores a 7%. Pagar 2,2% significa deixar para o banco quase um terço de seus ganhos reais. O dinheiro é seu, o risco é seu, mas o banco fica com um terço do ganho real sob a forma de taxa de administração.

Fundos que exigem entre R$10 mil e R$100 mil de aplicação mínima cobram em média 1,3% ao ano. O melhor mesmo está reservado para os mais ricos. Quem pode fazer um depósito inicial superior a R$100 mil está pagando, em média, 0,5% ao ano.

Alternativas: CDBs de bancos de primeira linha (negocie a taxa com seu gerente) e, melhor ainda, Tesouro Direto. Considerando-se as taxas de custódia, o Tesouro Direto custa menos de 1% ao ano e exige um investimento mínimo de R$200. Mas o melhor mesmo é ficar rico logo porque, no mercado financeiro, quem é pobre quase sempre paga mais caro.

O LEITOR PERGUNTA

É verdade que o dólar pode chegar a menos de R$2?

Tudo é possível. Diretamente, o Banco Central (BC) tem tentado segurar a cotação da moeda americana, mas, indiretamente, fortalece o real com um poderoso anabolizante: taxas de juros altas. Uma atitude contraditória, quando é repetida várias vezes, acaba virando uma lógica.