Título: ROSINHA, COM DISCURSO RELIGIOSO, INCITA ELEITORES A IREM ÀS RUAS
Autor: Maiá Menezes
Fonte: O Globo, 03/05/2006, O País, p. 3

Seguranças do PMDB entram em confronto com servidores públicos

Uma manifestação pacífica de policiais civis e agentes penitenciários, na porta da sede do PMDB, no Centro do Rio, onde o pré-candidato Anthony Garotinho faz greve de fome, terminou em pancadaria ontem à tarde, com o fechamento da Avenida Almirante Barroso por cerca de quatro horas. Em meio ao confronto entre manifestantes e seguranças do partido, a governadora Rosinha Garotinho, com um megafone, incitou eleitores, que davam apoio ao pré-candidato, a levar mais pessoas às ruas enquanto seu marido estiver em greve de fome.

¿ A cada minuto que Garotinho estiver se definhando lá em cima, chame um companheiro às ruas ¿ conclamou a governadora, que apelou para a religião em tom de ameaça. ¿ Os que debocham não conhecem o poder e o peso da mão justa do meu Deus.

Rosinha voltou a criticar as Organizações Globo. O grupo de manifestantes pró-Garotinho tinha cerca de 200 pessoas que, aos gritos, abafaram o ruído do confronto entre policiais e seguranças do PMDB. Uma senhora, que acompanhava um grupo da Nova Canaã, não sabia a razão do protesto e nem o bairro onde fica a comunidade que representava. Uma senhora que estava ao lado interveio:

¿ É na Pavuna.

A confusão começou por volta das 13h, quando cerca de 30 servidores públicos tiveram as faixas e cartazes arrancados por homens que saíram do prédio da sede regional do PMDB. Os manifestantes criticavam a greve de fome e pediam a aprovação, pela governadora, do projeto de reescalonamento salarial dos policiais civis e o cancelamento do concurso público para novos agentes penitenciários.

Pedaços de madeira, vasos e pedras foram usados pelos dois grupos durante o confronto. Uma vidraça foi quebrada na entrada da sede do PMDB. A PM tentou conter os policiais civis, agentes penitenciários e seguranças envolvidos na briga, que só terminou quando os eleitores de Garotinho ocuparam a avenida para apoiar a greve de fome. Da janela do segundo andar, a governadora observava a multidão. Depois de falar com o público, Rosinha entregou aos manifestantes a carta de Garotinho publicada na íntegra segunda-feira no GLOBO.

Enquanto isso, o subchefe de Polícia Civil, José Renato Torres, tentava entrar no prédio para falar com dois policiais detidos por PMs e seguranças do PMDB. Mário Rogério Piccolo, do Serviço de Repressão a Entorpecentes, e o policial Jorge André, da 12 ªDP (Copacabana), fizeram exame de corpo de delito e foram encaminhados à Corregedoria da Polícia Civil.

¿ Fui jogado no chão, levei socos e não peguei na minha arma. Esses homens vieram nos agredir, por ordem do Garotinho para tirar nossas faixas ¿ disse Piccolo.

www.oglobo.com.br/pais