Título: SEGURANÇA PLANEJOU ASSALTO A CASA DE SENADOR
Autor: Célia Costa
Fonte: O Globo, 03/05/2006, Rio, p. 15

Polícia Civil apresenta oito acusados e recupera jóias e quadros roubados da residência de Gilberto Mestrinho

O chefe da Polícia Civil, delegado Ricardo Hallak, apresentou ontem oito acusados de participação no assalto à casa do senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM), em São Conrado, no dia 17 de abril. Segundo a polícia, o crime foi planejado por Silvério Moreira Braga, de 41 anos, morador da Rocinha, que trabalhava como segurança há seis anos na rua onde fica a casa do senador e estava de plantão na guarita no dia roubo. Ele teria facilitado a entrada dos 17 bandidos. Cinco deles estão identificados apenas pelos apelidos. Outros cinco, já identificados, estão foragidos.

Com os assaltantes, os policiais da 15ª DP (Gávea) recuperaram oito quadros ¿ entre eles um de Djanira ¿ e as jóias da mulher do senador. Os R$15 mil e uma aliança roubados não foram recuperados. O grupo ainda tentou vender as jóias por R$5 mil. Um joalheiro, identificado apenas como Cícero, estava com o material e foi autuado por receptação.

Segurança já foi condenado por roubo e estava foragido

Silvério, já condenado a sete anos de prisão por roubo, foi preso no dia 19 de abril na Rodoviária Novo Rio, quando chegava de Rio Bonito. Ele cumpriu parte da pena por roubo e estava foragido. O segurança foi preso um dia depois de não ter comparecido à empresa em que trabalhava para receber o pagamento, o que aumentou as suspeitas sobre ele.

A idéia de praticar o assalto surgiu, segundo a polícia, depois que Silvério conseguiu informações sobre a casa com dois funcionários do senador. A cozinheira Edineuza, que namorou Silvério há um ano, teria contado ao segurança que a sua patroa, Maria Emília Mestrinho de Medeiros Raposo, mulher do senador, guardava um relógio valioso dentro do cofre da residência. Já o jardineiro e segurança da casa, identificado apenas como Rogê, teria dito a Silvério que o senador vinha ao Rio com muito dinheiro.

Segundo a polícia, Silvério passou a planejar o assalto e começou a recrutar os ladrões. O primeiro a ser chamado foi Luciano Soares de Lima, de 29 anos, que está foragido e também é morador da Rocinha. Na mesma favela, ele convidou Daelson Miranda de Souza, outro foragido. Este, por sua vez, chamou André Rodrigues de Oliveira, de 35 anos, o Ninja, que trabalha como motorista da Viação São Silvestre e é morador da Rocinha.

André é apontado como o elo com o grupo de assaltantes do Morro da Providência, no Centro. Foi ele quem arregimentou José Roberto Dantas de Morais, de 33 anos, que trabalha como despachante, e também um acusado que é considerado o especialista do grupo, Antônio Santos Gonçalves Filho, de 28, o Didico, condenado a 19 anos de prisão por homicídio no estado do Maranhão. Antônio Santos chamou outro morador da Providência, o taxista Glaucio Dias de Oliveira, de 27 anos, que atuou como batedor do grupo, abrindo caminho para os outros dois carros que levaram o bando à casa do senador.

Entre os presos, o mais cruel, segundo a polícia, é Fredson Carvalho Teixeira, de 33 anos, morador do Parque União, em Bonsucesso. Fredson, que tem uma prisão preventiva decretada por extorsão mediante seqüestro com morte e ocultação de cadáver, teria agredido o senador e a mulher dele. Segundo Hallak, foi ele quem fez um corte na mão da mulher do senador, molhou uma toalha com sangue e foi para outro cômodo da casa ameaçar Mestrinho. Fredson também teria jogado álcool no corpo dela e ameaçado atear fogo caso a mulher não revelasse o segredo do cofre. O bandido agrediu o senador com um soco. Como não conseguiram abrir o cofre, os ladrões o arrombaram no Morro da Providência.