Título: Sem risco para botijão e carro a GNV
Autor: Luiza Damé e Monica Tavares
Fonte: O Globo, 03/05/2006, Economia, p. 25

Indústrias seriam as mais afetadas

Os consumidores de GLP, o gás de botijão usado em cozinhas, não correm qualquer risco de abastecimento caso o governo da Bolívia interromper o fornecimento de gás natural para o Brasil. O GLP é produzido a partir do petróleo, não do gás natural. Especialistas lembram também que os consumidores residenciais e comerciais, assim como os motoristas de automóveis movidos a gás natural veicular (GNV), não deverão ser afetados. O consumo desses setores é mínimo. Do consumo total de gás natural no país, que foi de 42 milhões de metros cúbicos por dia em fevereiro, foram 6 milhões de metros cúbicos diários de GNV e 500 mil metros cúbicos por dia nos setores residencial e comercial, cada um. Além disso, todos os carros a gás são preparados para usar outros combustíveis.

O economista Edmar Fagundes, professor do Grupo de Economia da Energia da UFRJ, explicou que se tiver que haver corte no fornecimento os setores afetados serão as indústrias e as usinas termelétricas. As térmicas consumiram em fevereiro 11,7 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural. Almeida explica que nesse caso a redução da oferta para as usinas não terá conseqüências para os consumidores de luz elétrica, porque atualmente sobra energia e as usinas hidrelétricas estão com seus reservatórios cheios. Já as indústrias, que consumiram em fevereiro 23 milhões de metros cúbicos diários teriam sérios prejuízos com um corte no fornecimento do gás.

O economista lembra que dotar tanto as termelétricas quanto as indústrias de equipamentos para permitir o uso de outros combustíveis, como óleo diesel, óleo combustível e GLP, iria levaria alguns meses. Os custos de conversão também seriam elevados.