Título: BALANÇA TEM SUPERÁVIT MENOR EM ABRIL
Autor: Henrique Gomes Batista
Fonte: O Globo, 03/05/2006, Economia, p. 25

Saldo comercial caiu 19,9% em relação a igual período do ano passado

BRASÍLIA. Pela primeira vez desde julho de 2001, o superávit da balança comercial brasileira em um mês foi inferior ao saldo registrado no mesmo período do ano anterior. Em abril, a redução foi de 19,97%, provocada, segundo o Ministério do Desenvolvimento, pelos feriados ¿ dois dias úteis a menos do que em 2005 ¿ e pelo vigoroso aumento das importações.

O crescimento das compras que o Brasil faz no exterior também foi o responsável pela primeira queda de um mês para o outro, desde 2000, do superávit no acumulado em 12 meses. Isso ocorreu mesmo com o registro de recordes em abril, que foi o melhor mês da corrente de comércio por dia útil na História do país. A média diária de exportações foi de US$544,7 milhões e a das importações, de US$372,6 milhões.

Foram exportados em abril US$9,804 bilhões e importados US$6,707 bilhões, resultando num saldo comercial de US$3,097 bilhões (em abril de 2005, o superávit fora de US$3,870 bilhões). Em abril, o superávit da balança em 12 meses ficou em US$45 bilhões, contra os US$45,7 bilhões no encerramento de março deste ano. No mês passado, chamaram a atenção as importações de bens de consumo, que saltaram 52,4% em relação a abril de 2005. No ano, a alta chega a 35,1%, contra 24,6% da média das importações em geral.

Armando Meziat, secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, minimizou ontem as quedas do superávit:

¿ O saldo da balança na faixa dos US$40 bilhões é muito bom, não precisamos de saldos muito grandes. O aumento das importações é a melhor coisa para nós, pois isso equilibra o câmbio e demonstra que a economia está se recuperando.

Segundo Renato da Fonseca, gerente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o aumento das importações de bens de consumo preocupa:

¿ Alguns setores já estavam perdendo competitividade no mercado externo e começam a perder no mercado interno, como setores de CDs e DVDs, madeira, vestuário e fumo.