Título: QUATRO MULHERES E TRÊS HOMENS NO JÚRI
Autor: Flávio Freire
Fonte: O Globo, 04/05/2006, O País, p. 17

Promotores não escondem alegria com a maioria feminina

IBIÚNA (SP). Os advogados de defesa de Pimenta Neves tentaram mudar a composição do júri, mas quatro mulheres e três homens foram escolhidos como os jurados que irão decidir o destino do assassino de Sandra Gomide. Aparentando entre 30 e 40 anos de idade, os jurados foram sorteados entre 21 pessoas pré-selecionadas pela Justiça. A Promotoria Criminal festejou a seleção com maioria feminina: o crime tem mais apelo entre mulheres.

O juiz Diego Ferreira Mendes, que preside a sessão, proibiu a divulgação de informações sobre os homens e as mulheres escolhidos para compor o júri.

Todos moradores de Ibiúna, os jurados permanecerão isolados enquanto o julgamento não acabar. Do prédio do Fórum, no centro da cidade, os sete seriam escoltados ainda ontem até uma pousada nas proximidades, onde dormiriam sob a vigilância de policiais. O grupo foi proibido de ter acesso a jornais, noticiário na TV ou internet.

O pai de Sandra, o aposentado José Gomide, chegou ao Fórum minutos antes de Pimenta Neves, mas evitou a sala de interrogatório:

¿ Só quero olhar na cara dele quando ele for condenado a pena máxima.

A mãe de Sandra, que tem problemas de saúde desde a morte da filha, não teve condições de comparecer ao julgamento.

Embora a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça não soubesse informar até o início da noite onde os jurados e o réu deveriam passar a noite, a recepcionista de um hotel da região confirmou para os jornalistas a reserva em nome do grupo de jurados e também de Pimenta. Mas, segundo os advogados, o jornalista deveria dormir no Fórum.

Se for condenado, Pimenta poderá deixar o Fórum de Ibiúna preso. O desembargador da 10ª Vara Criminal de São Paulo, Carlos Bueno, indeferiu o pedido dos advogados do jornalista para que ele aguarde em liberdade todos os recursos cabíveis na Justiça.

Na tentativa de evitar imagens do julgamento, o juiz pediu à PM que negociasse com cinegrafistas e fotógrafos para que deixassem a cobertura e janelas de prédios nos arredores do Fórum. A tentativa de evitar flagrantes foi um pedido da defesa do réu.

Durante a leitura de parte das 2,4 mil páginas do processo, Pimenta por várias vezes fechou os olhos. O jornalista tinha uma espécie de tampão no ouvido direito. Assessores do TJ não souberam informar se era um aparelho de surdez ou equipamento para evitar barulho.