Título: GNV CONTINUA MELHOR OPÇÃO
Autor: Monica Tavares
Fonte: O Globo, 04/05/2006, Economia, p. 28

Preço do produto é 50% menor do que o da gasolina

A crise desencadeada pela decisão do presidente boliviano Evo Morales de nacionalizar as reservas de petróleo e gás de seu país não deverá, por enquanto, desbancar o gás natural veicular (GNV) como a melhor alternativa para os donos de automóveis. Com preço 50% inferior ao da gasolina nos postos e rendimento maior por quilômetro, a escolha só deixará de ser vantajosa, quando o preço alcançar a marca R$2,50 por metro cúbico de gás, segundo cálculos de especialistas.

De acordo com o último levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do GNV no país hoje é de R$1,266 por metro cúbico, contra R$2,582 do litro da gasolina. No Rio, o gás é ainda mais barato, com preço médio de R$1,148 em comparação com a gasolina, cujo litro era cotado a R$2,574 na última pesquisa da ANP.

¿ Especificamente no caso do Estado do Rio, o GNV vem da Bacia de Campos. Então, tanto o fornecimento, quanto o preço, dificilmente vão sofrer fortes impactos diante do que aconteceu na Bolívia ¿ disse Marcelo Schwob, engenheiro do Instituto Nacional de Tecnologia (INT).

Ele explica que o custo por quilômetro rodado com GNV é de R$0,109. Já o de gasolina alcança R$0,295, levando-se em consideração o litro da gasolina cotado a R$2,60 e o do gás, a R$1,20:

¿ Assim, para se equiparar com a gasolina em termos de custos, o preço do GNV tem que subir para R$2,50 o metro cúbico, o que eu considero muito improvável. A conversão ainda é vantajosa.

A frota de carros que rodam com GNV no Estado do Rio é de 400 mil carros, cerca de 14% do total, de acordo com Schwob. O presidente da Federação Nacional do Comércio Varejista de Combustíveis (Fecombustíveis), Gil Siuffo, também não vê ameaça de o preço do GNV sofrer o impacto das decisões na Bolívia.

O preço do GNV, como dos demais combustíveis, é livre. A Petrobras fixa seus valores de venda para as distribuidoras (no Rio, a CEG e a CEG Rio), que então vendem aos postos revendedores. A estatal tem uma fórmula para calcular o preço do gás produzido no país e outra para o combustível que é importado.

O especialista do INT lembrou, ainda, que a questão envolvendo o GNV não afeta em nada o segmento de GLP, conhecido como gás de cozinha. Ele ressalta que o GLP é um derivado do petróleo, cujo fornecimento e preço não tem relação com o mercado de gás natural. (Mirelle de França).