Título: Assessor de deputado tramou mortes por telefone
Autor: Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo, 05/05/2006, O País, p. 5

Integrantes da bancada da fraude planejavam matar um jornalista que investigava desvio de verbas da União

BRASÍLIA. Nas investigações da chamada Operação Sanguessuga, a Polícia Federal registrou duas conversas em que integrantes da bancada da fraude tramam a morte de pelo menos duas pessoas. Num dos diálogos, gravados com autorização judicial, o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, apontado pela PF como o chefe da organização, acerta com Francisco Machado Filho, o Chico, assessor do deputado Nilton Capixaba (PTB-RO), a morte de um jornalista do ¿Correio Braziliense¿.

Na conversa, registrada no início da tarde do dia 23 de dezembro, Luiz Antônio pergunta a Chico se um repórter do ¿Correio¿ estava mesmo em Rondônia. O jornalista estaria fazendo uma reportagem sobre direcionamento de verbas do Orçamento da União para compra fraudulenta de ambulâncias.

¿Luiz, você mandou matar o prefeito, Luiz?¿

Em outro trecho, uma mulher reclama com Luiz Antônio porque o empresário teria mandado matar um prefeito. A polícia acompanhou de perto os passos dos suspeitos. Mas as tramas não chegaram a ser postas em prática.

A polícia descobriu as combinações para matar o prefeito de uma cidade do Pará ao gravar uma conversa de Luiz Antônio com Estela, funcionária da Planam, a principal empresa da organização, no dia 26 de dezembro passado.

¿Estela liga para Luiz Antônio e pergunta por duas vezes: ¿ Luiz, você mandou matar o prefeito, Luiz?

¿ Baseado em quê?, pergunta Luiz.

Estela prossegue:

¿ O cara falou assim: `Você mandou matar, não? Você falou que ia matar, que o juiz¿...¿, descreve o relatório reservado.

Para a polícia, a conversa ¿revela o grau de periculosidade dos investigados, que chegam a considerar a possibilidade de medidas drásticas, como assassinatos, caso seus interesses venham a ser contrariados¿.