Título: SERVIDORES DE IBAMA E INCRA EM GREVE
Autor: Geralda Doca
Fonte: O Globo, 05/05/2006, O País, p. 8

Movimento atinge ainda Funai e ministérios da Agricultura e Desenvolvimento

BRASÍLIA. A greve no funcionalismo público atinge, desde ontem, cinco categorias do Executivo federal. O movimento ganhou a adesão dos servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Já estavam parados há 50 dias funcionários do Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior, da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Ministério da Agricultura.

A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), que reúne cerca de 770 mil servidores da ativa e aposentados, informou que a greve no Ibama atinge 90% dos sete mil funcionários do órgão. Somente os servidores que trabalham nas gerências executivas de Santa Catarina e Ceará não aderiram à paralisação. O Incra informou que apenas nove superintendências regionais do instituto, do total de 30, entraram em greve.

Grevistas querem incorporar gratificações ao salário

As categorias em greve reivindicam reestruturação das carreiras, paridade dos vencimentos entre servidores da ativa e aposentados e incorporação das gratificações aos salários. Os aposentados ganham em média 60% menos que os trabalhadores da ativa.

A Condsef considera que, no caso do Ibama, a paralisação atinge os serviços do órgão e já estariam prejudicados fiscalizações de reservas florestais e tráfico de animais. Estaria comprometido também o licenciamento para obras de rodovias, usinas e barragens.

Os servidores da Funai reivindicam a criação da carreira de indigenista. O secretário-geral da Condsef, Josemilton Costa, reuniu-se com autoridades do Ministério do Planejamento para discutir esse pleito. Os funcionários da fundação querem que a reivindicação seja atendida ainda este ano. Mas, segundo Costa, o ministério informou ser difícil implementá-la ainda em 2006, mas que estaria assegurada a criação da carreira em 2007. A resposta do governo não agradou aos servidores, que decidiram continuar o movimento.

Os grevistas querem que sejam incluídos na carreira não só servidores da Funai, mas também os funcionários que trabalham com questões indígenas nos ministérios da Educação e da Saúde. A responsabilidade pela saúde indígena foi transferida há alguns anos da Funai para a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), vinculada ao Ministério da Saúde. Com a criação da carreira, os servidores teriam um plano da categoria e vantagens como melhoria de salário e previsão de promoção.

Josemilton Costa disse que a greve no instituto está conseguindo adesões em todo o país e que a paralisação no Incra atinge servidores do órgão em 20 estados. Costa afirmou que se o movimento no Incra durar muito, o governo terá dificuldade em cumprir as metas de assentamento previstas no Plano Nacional de Reforma Agrária.