Título: TASSO INTERVÉM NOS ESTADOS PARA FECHAR ALIANÇA
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 05/05/2006, O País, p. 12

Queda de Alckmin nas pesquisas leva PSDB a assinar resolução para assegurar acordos regionais com o PFL

BRASÍLIA. Na tentativa de acelerar uma aliança formal com o PFL e dar novo ânimo à campanha do tucano Geraldo Alckmin, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e o secretário-geral do partido, deputado Eduardo Paes (RJ), assinaram anteontem uma resolução que, na prática, permitirá a intervenção da executiva nacional nos diretórios estaduais que resistem a se aliar com os pefelistas. Foi o que já aconteceu na Bahia. A medida faz parte da estratégia tucana de conter a tendência de queda de Alckmin, uma vez que pesquisa do Ibope mostrou que o candidato perde terreno até mesmo em São Paulo.

A dificuldade de Alckmin para crescer nas pesquisas e o conseqüente aumento do favoritismo do presidente Lula seria o assunto principal de uma reunião que aconteceria ontem à noite entre o candidato e a cúpula tucana. Aproveitando um encontro da Associação dos Municípios Mineiros em Belo Horizonte, do qual participariam o governador Aécio Neves, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o próprio Alckmin, Tasso decidiu marcar o encontro para discutir os rumos da campanha presidencial

Na Bahia, tucanos vão apoiar reeleição de Paulo Souto

Foi a partir da resolução aprovada discretamente na quarta-feira que Tasso conseguiu estabelecer a base para um acordo com o PFL da Bahia, fechado ontem de manhã numa conversa em Brasília entre Alckmin e o governador baiano Paulo Souto, do PFL. O acordo prevê que a executiva nacional do PSDB e Alckmin declarem apoio à reeleição de Souto, mesmo que o diretório estadual não formalize uma aliança com o PFL.

Outra exigência imposta pelo senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e atendida pelos tucanos garante que a cúpula do PSDB mantenha a neutralidade na disputa entre o tucano Antonio Imbassahy e o pefelista Rodolpho Tourinho para a única vaga para o Senado na eleição deste ano. Respaldado pela cúpula tucana, o deputado João Almeida (PSDB-BA), que deveria liderar uma dissidência do PSDB baiano em favor da reeleição de Souto, tem mais chances de isolar a ala do partido contrária à aliança com o PFL, hoje sob o comando do líder na Câmara, deputado Jutahy Júnior.

Satisfeito com a negociação, Antonio Carlos cumpriu sua parte do acordo e cobrou publicamente do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), a formalização imediata do apoio a Alckmin e já faz planos para receber o tucano na Bahia no próximo dia 12.

¿ Chegou o momento de o PFL se definir sobre a candidatura de Geraldo Alckmin. Essa aliança já está feita e a direção do PFL não oficializa. Essa demora está impedindo o crescimento natural de Alckmin nas pesquisas. O cenário nos obriga a agir com mais rapidez ¿ defendeu Antonio Carlos.

Jutahy minimizou a ação da cúpula de seu partido, mas admitiu que não receberá Alckmin ao lado dos pefelistas baianos:

¿ Nossa prioridade é derrotar Lula ¿ limitou-se a dizer.

A resolução assinada por Tasso e Paes respalda a intervenção da executiva nacional na Bahia e abre caminho para acordos semelhantes em outros estados onde persistem as divergências entre PSDB e PFL. De acordo com o artigo segundo da resolução, nos estados onde houver dificuldades para reproduzir a aliança nacional, a Coordenação Nacional das Campanhas Estaduais (CNCE) deverá designar um representante que terá ¿a incumbência de facilitar e promover os entendimentos e auxiliar na celebração das alianças do partido no estados para os dois turnos da disputa eleitoral¿.

Caberá a este representante ainda ¿auscultar e integrar decisões, propor a realização de sondagens de opinião pública para facilitar e fundamentar decisões, além de formular sugestões necessárias para a solução de problemas pendentes¿.

No Maranhão, acordo com Roseana foi descartado

Bornhausen, que acompanhou Alckmin ontem numa visita a Uberaba, comemorou o acordo na Bahia, mas não garantiu a formalização imediata da aliança nacional com o PFL.

¿ Acredito que isso possa ser fechado até o dia 25 de maio. Ainda temos de escolher o vice e algumas situações nos estados devem ser melhoradas ¿ disse.

No Maranhão, o acordo entre PSDB e PFL foi descartado num almoço anteontem entre Tasso e a senadora Roseana Sarney (PFL-MA), candidata ao governo do estado. O mesmo deve ocorrer em Sergipe, onde o ex-governador tucano Albano Franco não abre mão de disputar uma vaga ao Senado contra a senadora Maria do Carmo, mulher do governador João Alves, do PFL, candidato à reeleição.

Alckmin esteve em Uberaba, na Expozebu. Acompanhado de Aécio e Bornhausen, visitou o salão Internacional de Exposição, reuniu-se com a diretoria da Associação Brasileira de Criadores do Gado Zebu e com produtores rurais de todo o país.