Título: COLINA DE BERLUSCONI TERIA VIOLADO LEI AMBIENTAL
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Fonte: O Globo, 05/05/2006, O Mundo, p. 33

Primeiro-ministro demissionário se reúne com Prodi para discutir nome à Presidência

ROMA. Silvio Berlusconi deixa o poder, mas não as manchetes. Após perder as eleições parlamentares italianas, o primeiro-ministro que está deixando o cargo poderá ter mais tempo para apreciar o pôr-do-sol em sua luxuosa ilha. Mas a vista que terá do Mediterrâneo será a partir de uma colina artificial de dez metros de altura que pode ter violado as leis ambientais.

A controvérsia sobre a residência de veraneio conhecida como Villa Certosa ¿ uma mansão com 27 quartos, na Sardenha ¿ estava ontem nos jornais italianos. As autoridades investigam se Berlusconi violou alguma lei ao alterar a topografia da costa, que é protegida.

Mansão já recebeu Bush e Putin

Fotos da ¿colina dos pensamentos¿, como batizaram os jornais, mostram um banco de madeira cercado por oliveiras centenárias transplantadas. O advogado de Berlusconi, Niccolo Ghedini, afirma que a construção respeitou a legislação. Mas após uma reportagem de TV fazer a acusação, as autoridades decidiram investigar o assunto.

¿ Mais uma vez tentam atacar Berlusconi ¿ protestou Ghedini.

A propriedade ficou famosa quando Berlusconi começou a utilizá-la para receber chefes de Estado, como os presidentes dos Estados Unidos, George W. Bush, e da Rússia, Vladimir Putin. Com 50 hectares, a propriedade é maior do que a Cidade do Vaticano.

Obrigado a renunciar na terça-feira, após perder as eleições por margem estreita, Berlusconi se reuniu ontem com o homem que assumirá o cargo de primeiro-ministro: Romano Prodi. Os dois adversários discutiram o nome para substituir o presidente Carlo Azeglio Ciampi, cujo mandato termina este mês.

¿ Foi um primeiro, longo e cordial encontro ¿ disse Prodi, após a reunião.

Ciampi já anunciou que não deseja um novo mandato. E Prodi só pode assumir como premier após receber o mandato do novo chefe de Estado. Com Ciampi, que era aceito pelos dois lados, fora do cenário, o mais cotado é o ex-primeiro-ministro Massimo D¿Alema, presidente do partido Margarida, o maior na coalizão de centro-esquerda que venceu as eleições.

Mas Berlusconi se opõe à escolha de um ex-comunista: ¿Eu categoricamente excluo apoiar a candidatura de um expoente da esquerda¿, disse ao ¿Corriere della Sera¿. Em vez de D¿Alema, propôs Gianni Letta, subsecretário em seu Gabinete e aliado.

Prodi se encontra na difícil posição de encontrar um nome que seja aceito pela direita e satisfaça a sua coalizão. Ele está sob pressão para escolher D¿Alema, mas outro possível candidato seria o ex-premier Giuliano Amato, que não pertence especificamente a nenhum partido.

Na segunda-feira haverá a primeira votação para presidente. É necessária maioria de dois-terços do Parlamento para a escolha nas primeiras três rodadas, e maioria simples a partir daí.