Título: ACUSADOS PODEM RECORRER À DELAÇÃO PREMIADA
Autor: Jailton de Carvalho, Maria Lima e Anselmo Carvalho
Fonte: O Globo, 06/05/2006, O País, p. 11

Delegado da PF diz que quer oferecer o benefício para conseguir chegar a outros envolvidos

CUIABÁ. A Polícia Federal e o Ministério Público vão oferecer o benefício da delação premiada aos assessores parlamentares presos durante a Operação Sanguessuga, que levou para a cadeia 47 pessoas acusadas de fraudar licitações para aquisição de ambulâncias. Entre os presos, há 12 assessores que, segundo a PF, podem contribuir com as investigações.

¿ Há condição de a Polícia Federal oferecer, junto com o Ministério Público, um acordo para reduzir penas de acusados ¿ afirmou o delegado Tardelli Boaventura.

A Operação Sanguessuga descobriu que um esquema comandado pelo empresário Darci José Vedoin foi responsável pela venda de mil ambulâncias a prefeituras municipais, por meio de licitações fraudadas.

Até agora a polícia prendeu os ex-deputados federais Ronivon Santiago (PP-AC) e Bispo Rodrigues (PL-RJ), acusados de receber propina para apresentar emendas orçamentárias que beneficiaram o esquema. A intenção da delação premiada é obter nomes de outros parlamentares envolvidos.

PF quer levar todos os presos para Cuiabá

O ex-deputado Ronivon Santiago, preso no Acre, chegou ontem a Cuiabá. Ele está preso em um anexo da penitenciária de Pascoal Ramos. Já o ex-deputado bispo Rodrigues, preso em Brasília, deve ser transferido para Cuiabá no domingo.

O plano da PF é mandar para Cuiabá os 46 presos, para que o delegado possa confrontar depoimentos e fazer acareações entre eles. Todos ficarão em Cuiabá pelo menos nos próximos quatro dias, tempo que dura a prisão temporária determinada pela Justiça.

Ontem, a PF prendeu em Brasília a servidora Suelene Aparecida Bezerra, acusada de participar do esquema. A PF ainda procura sete pessoas com mandados de prisão em aberto.

À noite, o juiz Jefferson Schneider determinou a soltura das empregadas domésticas Enir Rodrigues de Jesus e Maria Leodir de Jesus Lara, que trabalharam na casa do empresário Darci Vedoin. Ele atendeu ao pedido de Boaventura. O delegado acredita que, com os dados das duas, Vedoin tenha aberto empresas fantasmas, usadas nas licitações viciadas.