Título: BOLIVIANOS AMENIZAM O TOM
Autor: Luís Fernando Rocha e Ramona Oedoñez
Fonte: O Globo, 06/05/2006, Economia, p. 33

Políticos admitem negociar novos contratos com as petrolíferas

LA PAZ. Dois dos mais importantes membros do governo de Evo Morales baixaram o tom ontem ao falar sobre a crise com as empresas estrangeiras. Em entrevista coletiva, o vice-presidente da Bolívia, Álvaro Garcia Linera, afirmou que o governo respeita as empresas de petróleo que atuam no país e pretende oferecer regras estáveis e duradouras para elas continuarem suas operações. Já o ministro dos Hidrocarbonetos (petróleo e gás), Andrés Soliz Rada, em entrevista ao GLOBO, ressaltou que quer uma negociação com a Petrobras.

Na entrevista após encontro de Morales com uma delegação enviada pela Espanha, Garcia Linera disse que o governo espera negociar, nos próximos 180 dias, novos contratos com as petroleiras que sejam vantajosos para ambos os lados. Embora garanta que a nacionalização do setor de gás é irreversível, o vice-presidente afirmou que o governo boliviano oferecerá, nas negociações, a segurança de que os novos contratos não serão alterados num prazo de um ano ou um ano e meio.

O objetivo de Morales, segundo ele, é oferecer rentabilidade às petroleiras, mas não nos patamares assegurados por governos passados:

¿ O tempo dos lucros excessivos terminou.

Morales e seus assessores se reuniram ontem com uma delegação do governo espanhol, para discutir a situação da Repsol, nacionalizada no início da semana. O secretário espanhol de Assuntos Exteriores, Bernardino León, que chefiava a delegação, disse que a reunião representa o início de diálogo:

¿ Respeitamos as decisões tomadas, mas as novas regras têm de ser claras, como os investimentos internacionais exigem. Esperamos segurança política e bilateralidade. Nosso governo quer o diálogo.

Segundo Garcia Linera, como está previsto no decreto de nacionalização, as empresas serão convocadas a negociar. Ele garantiu que os contratos negociados serão submetidos ao Parlamento boliviano. O vice-presidente disse não temer que a Petrobras suspenda investimentos:

¿ As palavras de Lula em Puerto Iguazú marcam o início de uma etapa de aproximação. Confiamos no Lula.

AMORIM AFIRMA QUE HÁ LIMITE PARA ACEITAR REAJUSTE DO GÁS, na página 34