Título: FABRICAÇÃO E VENDA DE VEÍCULOS CAÍRAM EM ABRIL
Autor:
Fonte: O Globo, 06/05/2006, Economia, p. 37

Exportações também diminuíram, diz a Anfavea. Participação de carros `flex¿ tem queda pela 1ª vez

SÃO PAULO. As vendas de veículos novos no país caíram 16,4% em abril na comparação com março, para 131.150 unidades, informou ontem a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Segundo a entidade, nos quatro primeiros meses do ano foram comercializados 548.709 veículos, 7,9% mais que no mesmo período de 2005. Entretanto, na comparação com abril de 2005, as vendas do mês passado recuaram 4,7%.

A queda, no entanto, se deveu a efeitos sazonais segundo o presidente da entidade, Rogelio Golfarb. Ele ressaltou que abril deste ano teve cinco dias úteis a menos que março e informou que, pela média diária, as vendas avançaram 6,9% em comparação com março.

¿ A nossa visão é que as vendas do mercado interno continuam em processo de crescimento ¿ disse Golfarb.

Dólar baixo pressiona exportações do setor

Enquanto isso, pela média diária, a produção recuou 13,7% em relação a março e cresceu 8,1% na comparação com abril do ano passado. Os estoques da indústria automotiva, que em março eram suficientes para abastecer o mercado por 29 dias, aumentaram para 39 dias em abril, o que segundo Golfarb também é um efeito sazonal.

No total, a produção de veículos em abril registrou queda de 11,1% ante março, para 204.943 unidades. Frente a abril de 2005, a produção caiu 2,7% e, entre janeiro e o mês passado, a indústria acumula 836.290 unidades produzidas, 5% a mais que nos primeiros quatro meses de 2005.

Golfarb disse que as exportações do setor estão sob pressão devido ao dólar baixo e que tem sido difícil para as montadoras instaladas no país fixar novos contratos com o mercado externo porque a taxa do câmbio ainda não encontrou um patamar de estabilidade. Em abril, as exportações somaram US$906,7 milhões, queda de 9,4% na comparação com março. Em relação a abril de 2005, as vendas externas foram 1,2% menores. Já entre janeiro e abril foram exportados US$3,567 bilhões, 8% mais que há um ano.

Montadoras tendem a produzir só bicombustíveis

A participação de carros bicombustíveis nas vendas totais de automóveis e comerciais leves do país caiu em abril pela primeira vez desde que a tecnologia foi lançada em 2003, de acordo com a Anfavea. Os carros flex responderam por 76,8% do total de automóveis comercializados no mês passado. Em março essa fatia foi de 77,6%.

As vendas de bicombustíveis caíram 16,8% no mês passado, para 95.596 unidades. Nos últimos meses, a venda desses veículos vinha se mantendo crescente, apesar do encarecimento do álcool. Conforme a Anfavea, a tendência é que os bicombustíveis dominem completamente o mercado de automóveis do país por ser uma tecnologia mais avançada.

Outro fator é que seria economicamente inviável para as montadoras manterem duas linhas de produção de motores. Assim, já que os carros flex podem rodar tanto com gasolina como álcool, em qualquer combinação dos dois, as montadoras optariam por produzir apenas os bicombustíveis.