Título: DÓLAR CAI MAIS E FECHA EM R$ 2,056
Autor: Sabrina Valle
Fonte: O Globo, 06/05/2006, Economia, p. 38

É a menor cotação desde março de 2001. Bolsa sobe 1,08% e bate novo recorde

Num dia embalado por boas notícias no mercado externo, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou ontem em alta de 1,08%, batendo novo recorde de pontos (41.417). Na semana, o Índice Bovespa (que reúne as ações mais negociadas) acumulou alta de 2,61% na semana e de 23,80% no ano. Já o dólar comercial passou todo o pregão em queda, também influenciado pelo cenário internacional, e acentuou a baixa depois de um leilão de compra de moeda à vista do Banco Central (BC). No fechamento, caiu 0,72%, a R$2,056 para venda, a menor cotação desde março de 2001. Na semana, a moeda acumulou queda de 1,53% e no ano, de 12,10%.

¿ Como tem acontecido recentemente, o cenário externo ditou o rumo do mercado. Os dados sobre a criação de postos de trabalho nos Estados Unidos impulsionaram o mercado acionário americano e, por conseqüência, o brasileiro também ¿ disse o analista da Prosper Corretora Gustavo Barbeito.

As bolsas americanas e européias também subiram ontem. Dados sobre emprego nos Estados Unidos apontam para a possibilidade de o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) encerrar o ciclo de alta dos juros básicos, o que seria benéfico para mercados emergentes como o brasileiro, já que os investidores tendem a buscar maiores rendimentos em outras aplicações além dos seguros títulos americanos. O Fed se reúne na próxima quarta-feira para decidir a nova taxa de juros do país.

Setor de telefonia tem maiores baixas da Bolsa

O setor não-agrícola dos Estados Unidos abriu 138 mil vagas em abril, a menor cifra desde o Katrina. A expectativa era de pelo menos 200 mil novos empregos. Mas o índice de desemprego ficou estável em 4,7%. Em março foram criados 200 mil postos. Segundo os economistas, a economia americana vai precisar gerar entre 150.000 e 175.000 empregos mensais para equilibrar o ritmo de crescimento da força de trabalho.

O Dow Jones subiu 1,21%, a 11.577 pontos, a Nasdaq avançou 0,80%, a 2.342 unidades, e o S&P 500 registrou alta de 1,03%, a 1.325 pontos. Em Londres, o FTSE 100 subiu 0,91% a 6.091 pontos.

O cenário externo também influenciou a cotação do dólar. Houve forte fluxo de entrada de recursos de exportadores. O grande volume de negociações na bolsa também deu indícios de participação estrangeira significativa nos investimentos. À tarde, o BC fez leilão e pagou R$2,058 para comprar dólares no mercado comercial à vista.

Na Bolsa, as ações do setor de telefonia lideraram as baixas do dia. Os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) da TIM caíram 6,07%, como reflexo dos resultados financeiros da companhia piores do que o esperado. Ontem a TIM divulgou um prejuízo líquido de R$151,7 milhões no primeiro trimestre do ano.

¿ Apesar de os resultados operacionais terem ficado dentro das expectativas, o prejuízo foi muito pior do que o projetado pelo mercado. Minha estimativa, por exemplo, era de um prejuízo de R$68 milhões ¿ disse Felipe Cunha, do Banco Brascan.

Risco-Brasil sobe 1,81%, para 217 pontos centesimais

Na última quinta-feira, o grupo Vivo divulgou um prejuízo de R$179,3 milhões para o primeiro trimestre deste ano. A Vivo PN fechou em baixa (-6,57%) na quinta-feira e voltou a cair 7,04% ontem.

As maiores altas de ontem foram registradas pela Aracruz PN (+6,77%), pela VCP PN (+4,78%), pela Eletrobrás PN (+2,73%) e pelas ações ordinárias (ON, com direito a voto) da Petrobras (+4,09%).

A Varig PN fechou em queda de 32,1% depois que a VarigLog retirou sua oferta de US$400 milhões para a compra da companhia.

O risco-Brasil, que é calculado pelo banco americano JP Morgan e mede a confiança dos investidores estrangeiros na capacidade de o país honrar suas dívidas, tinha alta de 1,81%, a 217 pontos centesimais. O Global 40, o título brasileiro mais negociado no exterior, avançava 0,39%, cotado a 128,63% de seu valor de face.