Título: VICE DIZ QUE SEU DISCURSO REFLETE PREOCUPAÇÃO
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Fonte: O Globo, 06/05/2006, O Mundo, p. 40

Porta-voz da Casa Branca defende palavras de Cheney

MOSCOU. O vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, afirmou ontem que não tivera condições de analisar a reação da Rússia a suas palavras, mas as defendeu. Disse que seu discurso foi cuidadosamente elaborado e deixou claro que a Rússia é ¿uma forte amiga e aliada¿.

¿ Também deixei claro que temos algumas preocupações com a extensão com que eles parecem resistir ao desenvolvimento de fortes democracias nessa área representada pelos governos da conferência em Vilnius ¿ acrescentou.

A Casa Branca o defendeu: o porta-voz Scott McClellan disse que ele apenas expôs a política dos EUA para a Rússia.

As críticas de Cheney à Rússia foram feitas num momento em que Washington pressiona Moscou a apoiar sua proposta de ameaçar impor sanções ao Irã para forçá-lo a desistir de seu programa nuclear. Rússia e China têm interesses comerciais no Irã e se recusam a aceitar a proposta americana.

Chocados com as críticas do de Cheney, analistas russos disseram que Washington está criando uma corrente anti-Moscou com aliados que vão do Mar Báltico ao Mar Cáspio. Já o ¿Kommersant¿, jornal de negócios, comparou suas palavras ao discurso do primeiro-ministro britânico Winston Churchill em 1946, em Fulton, Missouri, em que afirmou que a Europa estava dividida por uma ¿cortina de ferro¿, condenando a expansão da União Soviética na Europa Oriental. ¿Inimigos à porta. Dick Cheney fez um discurso de Fulton em Vilnius (capital lituana)¿, foi a manchete do jornal, segundo o qual Cheney fez um discurso em que ¿praticamente estabeleceu o início da segunda Guerra Fria¿.

Já o ¿Komsomolskaya Pravda¿, jornal mais vendido no país, disse que o encontro na Lituânia mostrou uma linha separando a Rússia do resto da Europa. ¿O que a Rússia pode fazer? Parece que terá de fortalecer seus laços com a Bielorrúsia e a Ásia Central. E se aproximar da China, para equilibrar essa força ocidental¿, disse.