Título: BRITÂNICOS TÊM UMA CHANCELER
Autor: Fernando Duarte
Fonte: O Globo, 06/05/2006, O Mundo, p. 42

Margaret Beckett é a primeira mulher a assumir comando da diplomacia

LONDRES. A primeira mulher a ocupar o cargo de ministra de Relações Exteriores no Reino Unido é considerada uma firme esquerdista, o que suscita dúvidas sobre o modo como se relacionará com o governo de George W. Bush. Mas, aos 63 anos, a engenheira Margaret Beckett é também uma fiel escudeira do primeiro-ministro Tony Blair, sendo considerada uma sobrevivente do trabalhismo por ter ocupado vários cargos importantes desde que Blair chegou ao poder em 1997.

Nova chanceler já chefiou trabalhistas no Parlamento

Após a vitória de Blair, Beckett se tornou secretária de Indústria e Comércio. Em seguida, como líder na Câmara dos Comuns, ganhou respeito por sua determinação. Em 2001, assumiu a chefia da recém-criada Secretaria de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais. Foi também a primeira mulher eleita vice-líder do partido, em 1992, e por um breve período, em 1994, ocupou a liderança deixada vaga com a morte de John Smith. Acabou sendo substituída por Blair.

Sua escolha para comandar a política externa do país a torna mais do que nunca uma vencedora. A saída de Jack Straw ¿ de quem herda o cargo ¿ foi uma surpresa, embora fossem freqüentes os rumores de tensão entre ele e Blair. Segundo relatos, Straw expressava reservadamente dúvidas em relação à guerra no Iraque e discordava do premier também em relação ao Irã. Em 2002, Beckett também manifestou reservas em relação à então planejada guerra no Iraque, mas no ano seguinte a apoiou.

Ministra criticada pelo uso de aviões em viagens oficiais

Uma das vantagens de Beckett é circular com desenvoltura no círculo de Blair sem perder seus vínculos com o movimento sindical. No mês passado, porém, ela foi criticada na imprensa em meio a uma denúncia de que usara aviões oficiais ¿ em vez de trens ¿ para compromissos relacionados à Secretaria de Meio Ambiente. Foram 134 viagens de avião entre 2002 e 2005, o que, segundo especialistas, gerou 191 toneladas de dióxido de carbono.