Título: Reação da maioria é descartar a compra logo
Autor: Luciana Casemiro
Fonte: O Globo, 07/05/2006, Morar Bem, p. 1

Segundo corretor, desconhecimento e medo podem levar à perda de um bom negócio

Apesar de ter preços abaixo da média do mercado, os imóveis em inventário ainda são relegados a segundo plano por quem vai às imobiliárias à procura de uma unidade para comprar, diz Henrique Besdin, diretor da Apogeu Imobiliária:

¿ Quando ofereço um imóvel em inventário, a maioria das pessoas descarta de cara, com medo da demora e da burocracia. O último que vendi foi para um advogado que sabia como desenrolar a papelada. Ele mora há dois anos no apartamento e agora está concluindo a legalização.

O advogado Armando Miceli ¿ que comprou um terreno em inventário, em Itaipava, por quase metade do valor ¿ está entre os que recomenda esse tipo de negócio. E diz que o deságio do preço depende da habilidade do negociador e também da situação financeira dos herdeiros:

¿ Reduções de 20% a 50% são comuns nessas vendas.

O negócio, no entanto, é para quem tem dinheiro para pagamento à vista. É que bancos só financiam imóveis totalmente desembaraçados: não querem correr riscos. E eles existem, principalmente, se a compra for feita via cessão de direitos, destaca o advogado Renato Anet:

¿ O aparecimento de um novo herdeiro no meio do inventário ou a morte de um deles, antes da partilha final do espólio, complicam o processo de inventário.

Uma transação para quem não pensa em liquidez

O advogado Hamilton Quirino acrescenta que este não é um negócio a ser feito por quem se preocupa com liquidez:

¿ Não é negócio para quem compra imóvel para vender.

Por isso mesmo, Edécio Cordeiro, vice-presidente do Conselho Regional de Corretores do Estado do Rio, avalia que, para ser vantajoso, o preço deve estar, pelo menos, 30% abaixo do valor de mercado.