Título: OAB DECIDE HOJE SOBRE PEDIDO DE IMPEACHMENT
Autor: Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 08/05/2006, O País, p. 4

Morosidade do processo e composição do Congresso serão levadas em conta na decisão

BRASÍLIA. De olho nos recentes movimentos da cena política brasileira, incluindo as revelações de Silvio Pereira em entrevista ao GLOBO, e na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decide hoje se vai ou não propor ao Congresso a abertura de processo de impeachment de Lula. Segundo Orlando Maluf Haddad, conselheiro da OAB/SP, serão analisados elementos técnicos e políticos.

¿ Há elementos técnicos e legais para entrar com o pedido. Mas os elementos são também políticos. A palavra final quem dará são os conselheiros ¿ disse.

Haddad integrou a comissão que analisa, desde setembro, a proposta de impeachment de Lula, avaliando documentos e depoimentos. As conclusões foram enviadas ao relator do processo, Sérgio Ferras (OAB/AC), que dará seu parecer. Para Haddad, as declarações do ex-secretário do PT são graves e podem influenciar a decisão da OAB.

¿ Acho que elas não ajudam a situação do presidente Lula ¿ disse o conselheiro.

A decisão da OAB vai avaliar o oportunismo político de levar adiante a proposta de impeachment. Serão consideradas a morosidade do processo num ano eleitoral; a possibilidade de a proposta servir para vitimizar Lula ¿ que tem alta aprovação da população, segundo pesquisas; e a composição do Congresso, que absolveu a maioria dos deputados acusados no valerioduto.

Ex-presidente da OAB, Thomaz Bastos não votará

Para aprovar a pedido é preciso maioria simples (19) dos 36 votos dos conselheiros. Votam representantes das 27 seccionais estaduais e nove membros honorários vitalícios do conselho (ex-presidentes). O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que presidiu a entidade, não votará. O presidente da OAB, Roberto Busato, só vota em caso de empate.

¿ A OAB não é partido político nem tem ideologia. É uma tribuna da cidadania. Como em outros momentos dramáticos da história republicana brasileira, somos chamados a exercer um protagonismo na cena política ¿ disse Busato, repetindo que a OAB não será ¿gangorra nem para a esquerda nem para a direita¿.