Título: VARIG TERÁ PROPOSTA DE SALVAMENTO UNIFICADA
Autor: Erica Ribeiro
Fonte: O Globo, 09/05/2006, Economia, p. 28

Assembléia da companhia é suspensa e credores decidem se aceitam fusão do plano da Alvarez & Marsal com o do TGV

Os credores da Varig deverão decidir hoje se aprovam a proposta de unificação dos modelos apresentados pelo governo e a consultoria Alvarez & Marsal e pelo Trabalhadores do Grupo Varig (TGV). A nova proposta veio à tona em meio aos preparativos da assembléia de ontem, no Rio, suspensa sob a alegação de que a superlotação ¿ mais de 520 pessoas haviam se cadastrado e outras 150 esperavam na fila ¿ não oferecia segurança para sua realização.

A proposta da Alvarez & Marsal prevê a cisão da Varig em duas, uma doméstica, que iria a leilão pelo preço mínimo de US$700 milhões, e outra, internacional, que ficaria com as dívidas, cujo total é estimado em R$7 bilhões. Já a proposta do TGV cria uma Varig Operacional, onde se concentrariam as operações domésticas e internacionais juntas, separada da Varig Comercial, que ficaria com o passivo da companhia.

Até as 22h de ontem os credores ainda discutiam detalhes do modelo de unificação, mas, segundo fontes, a tendência é a aprovação. Com isso, as ofertas isoladas da Alvarez & Marsal e do TGV desaparecem e a assembléia de hoje, que será realizada no hangar do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, terá, além da proposta unificada, a oferta do consultor Jayme Toscano, que diz representar investidores estrangeiros dispostos a injetar cerca de US$2 bilhões na companhia.

Justiça também terá que aprovar modelo

Antes mesmo de a assembléia ser oficialmente suspensa, os principais credores da companhia já discutiam em uma sala isolada detalhes da nova proposta. Depois da pausa para o almoço, eles seguiram para a sede da Varig, atrás do Aeroporto Santos Dumont, onde continuaram reunidos.

De acordo com o presidente da Varig, Marcelo Bottini, a empresa sempre buscou uma proposta ampla, que pudesse oferecer diferentes opções aos investidores.

¿ É como colocar vários produtos em uma prateleira. Se o mercado quer em um leilão só a parte doméstica, há um pacote pronto; se quiser comprar o internacional e o doméstico, também há um pacote; se quiser comprar o doméstico com rotas internacionais, já está pronto. Se isso se concretizar (a unificação), desaparecem os modelos isolados do TGV e da Alvarez & Marsal. Se não for aprovado, permanecem as propostas separadas e mais a do Toscano ¿ disse Bottini.

Bottini afirmou que prefere o caminho da unificação. Mas ressaltou que todos os passos terão que respeitar o que determina a lei de recuperação judicial, inclusive quanto à venda dos ativos e à parte da empresa que ficar com o passivo. Segundo ele, se o modelo for aprovado pelos credores, a proposta terá que passar pelo crivo da Justiça.

Valor mínimo de leilão ainda será definido, diz Bottini

O presidente da Varig disse, ainda, que o valor mínimo de leilão da companhia também terá que ser redefinido. Pelo plano da Alvarez & Marsal, o valor mínimo da Varig Doméstica é de US$700 milhões. Já o TGV fez a conta de que a Varig Operacional (com as rotas domésticas e internacionais) teria valor mínimo de US$860 milhões.

O coordenador do TGV, Marcio Marsilac, defende que a unificação garante equilíbrio econômico e financeiro tanto da parte que for vendida em leilão, quanto da que ficar com o passivo e continuar em recuperação judicial. Segundo ele, há chance de a unificação ser aprovada. Marsilac afirmou que os trabalhadores não vão aceitar qualquer proposta que não seja viável econômica e financeiramente.