Título: MERKEL REAPROXIMA ALEMANHA DOS EUA E GANHA PAPEL RELEVANTE NA QUESTÃO IRANIANA
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Fonte: O Globo, 09/05/2006, O Mundo, p. 29

Berlim é único membro não permanente do Conselho de Segurança nas discussões

BERLIM. Com a sua popularidade em queda, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, descobriu a Alemanha. Depois dos anos de gelo da era do então chanceler Gerhard Schroeder, Washington está reconhecendo a Alemanha como o seu maior parceiro europeu no conflito com o Irã. Com a nova lua-de-mel, Berlim é o único membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU a sentar-se à mesa que discute o caso da ameaça nuclear do Irã.

A chanceler Angela Merkel visitou Washington semana passada, pela segunda vez desde sua posse no final de 2005, despertando elogios entusiasmados do presidente, que a considerou ¿uma mulher fascinante¿.

Mas também a Alemanha foi promovida a parceiro mais importante da ¿guerra ao terror¿, a principal plataforma do governo americano. Nos últimos dias, a TV ARD e o jornal ¿Bild¿ publicaram amplas entrevistas com Bush, nas quais ele ressaltou o papel da Alemanha, lembrando que agora o país havia voltado a ser o que foi no governo do seu pai, George Bush: um ¿parceiro na liderança¿.

Bush diz que chanceler federal alemã `é pessoa de confiança¿

Para o cientista político Christian Hacke, da Universidade de Bonn, Bush precisa agora do apoio alemão porque a coalizão que apoiou a guerra do Iraque desmoronou. José María Aznar, da Espanha, e Silvio Berlusconi, da Itália, perderam as eleições, enquanto o premier britânico, Tony Blair, não tem mais força suficiente no próprio país para significar um apoio de verdade na pressão atual contra o regime do Irã. O líder americano chega a exagerar nos elogios.

¿ Quando eu falo com Angela Merkel, não penso que estou falando com uma mulher. Isso não é uma categoria. Não, ali está em frente a mim um caráter forte, uma pessoa de confiança, que pensa claro e com quem é possível desenvolver estratégias em comum ¿ disse Bush à ARD.

A mudança de posição do governo alemão em relação aos EUA despertou também críticas. Oskar Lafontaine, do Partido da Esquerda, disse que a Alemanha corre o risco de se tornar um ¿parceiro júnior¿ dos americanos.

¿ A política externa alemã é agora apenas um apêndice da política externa americana.