Título: A tarefa do PSDB
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 10/05/2006, O GLOBO, p. 2
O grande desafio que os tucanos têm pela frente nessa fase da campanha é compatibilizar os palanques regionais do PSDB e do PFL e construir um palanque nacional competitivo. O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e o coordenador da campanha de Geraldo Alckmin, senador Sérgio Guerra (PE), pretendem jogar pesado para enquadrar os projetos estaduais ao nacional.
O comando da campanha tucana concluiu que os desacertos estaduais impedem a mobilidade do candidato Alckmin e que é preciso resolver com urgência as pendências. E está disposto a intervir em alguns estados para harmonizar tucanos e pefelistas. Um dirigente tucano diz, por exemplo, que o partido não aceitará que o ex-senador Albano Franco faça aliança com o PT em Sergipe em vez de apoiar a reeleição do governador João Alves (PFL). Se for o caso vai intervir. Isso não acontecerá no Maranhão, onde não há como colocar o presidente do Instituto Teotônio Vilela, deputado Sebastião Madeira, apoiando a candidatura da senadora Roseana Sarney (PFL). Essa equação não é a ideal mas não é vista como uma grande perda, pois em 2002, sem contar com o apoio dos Sarney, o candidato José Serra fez 40% dos votos no estado.
Mas também será preciso compatibilizar as campanhas tucanas nos estados com o projeto de aliados do PMDB e do PP. Os principais articuladores da campanha de Alckmin também não vêem com bons olhos a candidatura da deputado Yeda Crusius, numa aliança PSDB-PFL, no Rio Grande do Sul. O governador Germano Rigotto, que concorre à reeleição, já informou a Tasso e a Guerra que se isso ocorrer não pedirá votos para o candidato dos tucanos.
Depois disso ainda será preciso convencer os candidatos aos governos estaduais a ajustar suas campanhas, assumindo a candidatura a presidente. Essa tarefa não é fácil, pois o comum na política brasileira são os candidatos a governador fazerem suas campanhas sem se comprometerem com a eleição para presidente da República. Esse dirigente tucano diz que apenas o PT conseguiu fazer isso até agora. As dificuldades, destacou, serão maiores na medida em que for mais amplo o percentual de votos compartilhados por um candidato a governador do PSDB ou do PFL e o presidente Lula. Essa questão é relevante no Nordeste, embora os tucanos lembrem que em 2002 o partido não tinha apoio consistente nos estados da Bahia e do Ceará, que representam 50% dos votos da região.