Título: TJ NEGA RECURSO E RUGAI VAI A JÚRI POPULAR
Autor:
Fonte: O Globo, 10/05/2006, O País, p. 16

Defesa de acusado de matar pai e madrasta diz que não há provas de que ele cometeu o crime

SÃO PAULO. O Tribunal de Justiça (TJ) negou ontem por unanimidade o recurso da defesa do estudante Gil Rugai, de 22 anos, que pedia para que ele não fosse levado a júri popular por duplo homicídio. Rugai é acusado de matar o pai, Luiz Rugai, de 40 anos, e a madrasta, Alessandra, de 33 anos.

Fernando José da Costa, advogado do estudante, alegou que não há provas para acusá-lo pelos assassinatos. Rugai ficou dois anos preso e ganhou a liberdade no mês passado após decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STF).

Para Costa, a denúncia apresentada à Justiça não descreve a conduta criminosa como deveria e o Ministério Público, por ter investigado Rugai na fase do inquérito policial, não poderia ter denunciado o estudante.

Ainda cabem recursos ao STJ e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ontem, a defesa de Rugai não retornou as ligações.

Testemunha está sob proteção com medo de morrer

A decisão do STF, que determinou a soltura de Rugai, foi criticada pela promotora Mildred de Assis Gonzales.

¿ O Supremo Tribunal está longe da nossa realidade, dos ideais da sociedade, que está com a criminalidade batendo à porta ¿ disse ela na ocasião.

Segundo a promotora, a principal testemunha do caso, o vigia de Rua Domingos, que afirma ter visto o ex-seminarista sair da mansão onde as vítimas moravam após uma seqüência de tiros, vive com a família sob proteção porque foi ameaçado de morte.

¿ Onde estão os valores? O acusado é solto e a testemunha continua presa ¿ disse a promotora.

Rugai foi acusado pelo Ministério Público de matar o pai e a madrasta em 28 de março de 2004. Ele foi preso em abril e libertado em abril deste ano. Rugai nega o crime e disse que nunca teve armas, embora tenha feito curso de tiro.

Em julho de 2005, porém, a polícia achou a pistola usada no crime no prédio onde funcionava a produtora de Gil Rugai, a KTM Comunicação. A arma, enferrujada, foi encontrada em junho, durante limpeza na caixa de concentração de águas pluviais do prédio. A pistola fora furtada de um agropecuarista em 2001.