Título: CONFISCO VAI RESPEITAR `TERRA LEGAL¿
Autor: Monica Tavares, Ramona Ordoñez e Janaina
Fonte: O Globo, 10/05/2006, Economia, p. 30

Governo boliviano nega rumores de desapropriação de 10% do país

LA PAZ. O governo boliviano assegurou ontem que seu plano para nacionalização de terras privadas só valerá para áreas adquiridas ilegalmente ou que estejam improdutivas, negando rumores de que haverá expropriações em massa. O ministro do Desenvolvimento Rural, Hugo Salvatierra, prometeu garantir a segurança jurídica dos proprietários e contestou reportagens da imprensa local segundo as quais o governo de Evo Morales estaria planejando confiscar 11 milhões de hectares, o equivalente a 10% do território nacional.

¿ Não devem temer o confisco os empresários bolivianos, e menos ainda os brasileiros, caso tenham conseguido terras de maneira legal e cumpram a função para a qual fizeram essas aquisições ¿ disse Salvatierra.

Projeto siderúrgico será gerido por grupos privados

Salvatierra disse que uma eventual tomada de terras de brasileiros próximo à fronteira seria uma aplicação direta da Constituição, que proíbe a posse de terras por estrangeiros numa área de 50 quilômetros a partir das fronteiras. Em abril, a aplicação dessa norma tornou-se realidade, com a paralisação de um projeto siderúrgico da empresa brasileira EBX na cidade fronteiriça de Puerto Suárez.

Apesar de sua retórica nacionalista, Morales abriu mão de controlar o setor siderúrgico. Ontem, o governo boliviano anunciou que cederá a administração do projeto El Mutún por 20 anos para a empresa que vencer a licitação em andamento.

Ontem, Morales reuniu-se com dirigentes dos bancos para assegurar que o governo boliviano não fará surpresas no setor financeiro. José Enéas Bueno Jr., gerente-geral do Banco do Brasil em La Paz e Santa Cruz de la Sierra, participou da reunião com Morales.