Título: Cúpula UE-América Latina discutirá decreto de Morales e ação de Chávez
Autor: Vivian Oswald
Fonte: O Globo, 11/05/2006, Economia, p. 34

Ida de Lula à reunião de Viena pretende mostrar peso do Brasil na região

BRUXELAS e BRASÍLIA. O momento para a realização da 4ª Cúpula União Européia-América Latina e Caribe não poderia ser mais delicado. A decisão do presidente da Bolívia, Evo Morales, de nacionalizar as reservas de gás e petróleo no país e a crescente influência do presidente venezuelano, Hugo Chávez, sobre os vizinhos sul-americanos devem roubar a cena na lista de prioridades do encontro, que reunirá amanhã, em Viena, 60 chefes de Estado ¿ dos quais 33 da América Latina e 25 da União Européia (UE), além dos representantes da Bulgária e da Romênia, candidatos à entrada no bloco europeu.

Embora não esteja na pauta oficial da cúpula, o tema será constante nos encontros entre os líderes dos dois blocos, segundo diplomatas europeus, tendo em vista as perspectivas políticas para a América Latina ¿ que renova parte de suas lideranças este ano ¿ e o futuro dos investimentos europeus na região.

Brasil tentará destravar as negociações na OMC

Os recentes episódios na Bolívia prejudicaram, além da Petrobras, importantes empresas européias que atuam naquele país, como a espanhola Repsol-YPF e a francesa Total. Sem fazer relação com a medida adotada pelo governo boliviano no início do mês, a UE destaca em um comunicado de imprensa que o bloco é o maior investidor e doador da América Latina.

Se o presidente Lula já ia à cúpula com a missão que considera uma prioridade pessoal, de tentar destravar as negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC), agora tem a tarefa de mostrar que o Brasil ainda figura em posição de liderança na América Latina. Segundo fontes do governo brasileiro, mais do que nunca a presença de Lula se faz importante para reforçar a influência do Brasil na região e contrabalançar a exposição de Chávez e Morales.

O presidente Lula chega a Viena no início da tarde de hoje para a Cúpula. Em sua ausência, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), assumirá a Presidência da República pela segunda vez, ficando no cargo até a manhã de domingo. Lula aproveita a ocasião para fazer uma visita de Estado à Áustria.

Paralelamente à Cúpula, Lula se reunirá com chefes de governo. Amanhã ele tem um café da manhã com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. Logo depois, ele se reúne com o chanceler da Áustria, Wolfgang Schüssel e, no fim da manhã, com o primeiro-ministro inglês, Tony Blair, com quem tratará das negociações da OMC.

No início da tarde haverá nova reunião de trabalho. Depois Lula conversará com o primeiro-ministro da Espanha, Jose Luiz Zapatero. O encerramento da Cúpula está marcado para as 17h (meio-dia de Brasília).

COLABOROU Luiza Damé